sábado, 16 de novembro de 2024

Barcos e Ilhas

Ilhas são sujeitas solitárias e tão tristes que se soubessem construiriam pontes, atalhos para os encontros, comporiam músicas, só para se fazerem ouvir e chamar atenção. Ihas pedem perdão ao tempo desperdiçado com o egoísmos e imploram um afago, um cheiro bem calmo, um beijo sincero bem no oco topo da alma. Mares e oceanos parecem querer nos dividir, mal sabem eles que somos eximios nadadores, e sabemos com quantos paus se faz uma canoa. 

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Peito

A sorte dos mortais

É acreditar nos sonhos. 

Cantigas que embalam,

Peito de mãe que 

Toda fome sacia.

Caminhos que se enlaçam

Na forte teia da vida. 

Dormir para acordar

Muito além do além. 


sábado, 9 de novembro de 2024

Saideira

A vida escorre na velocidade dos nossos desejos. Horas duram dias na mordomia dos lençóis. Anos passam num segundo sob a opressao dos infortúnios. Em vão se sofre. Sorriso é brinde raro. Cantigas eternas. Vozes que brilham sob diferentes chuveiros. Corpos cheirosos. Sem a teimosa razão de ser. Um gole a mais justifica quase tudo. Suspiro de gozo antes de morrer. O amanhã é longe demais. 

terça-feira, 5 de novembro de 2024

De Berlim a Budapeste

O Mundo tem o tamanho do nosso deslumbramento. 


O Leão jogava na TV enquanto a gente traçava linhas, escolhia destinos e definia prioridades. Nada muito complicado. As coisas “imperdíveis” eram fáceis de encontrar na rede mundial. Calendário rabiscado e passado para o Adson, era só carimbar a proposta e pagar por nossa vontade de correr mundo.


O dia 02 de outubro mal começava e já estávamos assistindo a defesa do TCC da Luiza, com direito a champanhe e almoço em família. A expectativa da tarde foi aliviada com um pouco de calistenia e cerveja. A farra começou no  aeroporto com uma torre de Stella após o despacho das malas.


(03.10.24 - Quinta) Sair do Brasil foi mais fácil que enfrentar a longa fila da imigração em Lisboa. O cansaço do voo noturno nada abalou nossa disposição de encarar um outro rumo a capital da Alemanha unificada. A escala não foi curta o suficiente para impedir que Helano comprasse seu chip europeu, que tanto iria nos ajudar nas futuras perambulações. Uma pane geral no sistema do aeroporto (pelo menos foi o que nos informou a comissária portuguesa), nos deixou enjaulados por quase uma hora e meia dentro do avião. O resultado foi que chegamos em Berlim por volta das 19h, o que inviabilizou o encontro marcado com a Mana (indicação da Martina), que se havia oferecido para nos apresentar a cidade. Mesmo assim liguei para ela, que nos orientou a sairmos do hotel pela direita, rumo a uma famosa avenida ( nem me pergunte o nome), prenhe de lojas de grife, e procurarmos um lugar para comer. A 200 metros do hotel (The Hoxton, Charlottenburg) esbarramos com um autêntico bar alemão (Alt-Berliner-Biersalon), que se tornaria nosso pouso-point nas duas noites seguintes. O lugar estava lotado de gringos alemães bebendo chope e assistindo futebol. Sem nos fazermos de rogados, entramos no ritmo e experimentamos todos os diferentes tipos de salsichas. Caímos exaustos às 23h na cama do hotel. (04.10.24 - Sexta) Decidimos tomar café da manhã no hotel e tivemos a grata surpresa de sermos atendidos por uma simpática e alegre portuguesa que nos facilitou a escolha do pedido a la carte de diferentes tipos de sanduíches e pães. Às 9:30 saímos do hotel ao encontro de Marta (nossa guia brasileira) para um tour pelos principais pontos turísticos do centro histórico de Berlim. Mana havia sugerido que pegássemos um ônibus local, mas tão logo chegamos na avenida já conhecida, esbarramos com um ponto de parada do Hop on Hop off e decidimos comprar um ticket de 48 horas, pois como se confirmou, facilitaria muito a nossa locomoção pelos principais pontos turísticos da cidade. Às 10h encontramos Marta no Checkpoint Charlie, local tradicional de passagem entre as Berlins divididas no pós-guerra, que foi reconstituído tal e qual.

Dali esbarramos no pedaço de muro (The Wall) que sobrou no Mitte (centro da cidade), fizemos um pit stop numa lanchonete local, onde experimentamos a melhor salsicha de Berlin, na opinião de nossa entusiasmada e ideológica guia. Com uma cerva na cabeça seguimos caminho para a deslumbrante Potsdamer Platz e sua  belíssima e moderna construção da Sony. Mais adiante conhecemos o local onde ficava o bunker nazista e o suposto sítio onde encontraram o suposto corpo carbonizado de Hitler. Foi aí que uma centelha de dúvida se acendeu na nossa imaginação. Será que Hitler se matou mesmo ou fugiu para a Argentina, como Mengele? A um pulo dali entramos no labirinto do monumento ao holocausto (Memorial dos Judeus Mortos da Europa). Vários monólitos de pedra, de diferentes alturas que dão uma impressão de movimento ondular quando vistos de longe. Experiência impactante e estonteante (literalmente). Uma chuva fininha nos refrescou até o famoso Portão de Brandenburger, lotado de turistas do mundo todo, especialmente os onipresentes chineses. Mais a frente prestamos continências aos soldados russos que libertaram Berlim do tenebroso nazismo. Ao fim da longa e larga avenida nos deparamos com o fabuloso Parlamento (Reichstag). Pena que estava com muitas obras de restauração na frente, mas mesmo assim deu para sentir toda força e poder do maior símbolo da democracia alemã. Seguimos rumo às margens do rio Spree, onde Marta se despediu. Atravessamos a ponte com cheiro de xixi e paramos para finalmente comer nosso primeiro joelho de porco no “Standige Vertretung”. Seguindo rio acima, atravessamos as ilhas dos museus já escuras, onde dois dos nossos companheiros se aliviaram sob a proteção da polícia alemã. Chegamos na lindíssima avenida “BundesstraBe” e apreciávamos seus prédios iluminados, quando notamos que Genésio esquecera a mochila no restaurante. Num pé e outro voltamos para resgatá-la e retornar para a festa de Luz de Berlim. Ao lado do portão de Brandenburgo pegamos um Uber e voltamos pro hotel (ufa!), mas não sem antes tomar uma saideira no nosso já conhecido bar da esquina.  

(05.10.24 - Sábado) Entramos no Kaffee Einstein às 9:15h para um desjejum ligeiro, mas eficaz, e já dava 10h quando pegamos o primeiro horário do Hop on-off até o East Side Gallery só para imitar o beijo do Leonid Brejnev em Erich Honecker. Admiramos a bela vista do outro lado do rio, mas logo subimos para um aquecedor café, enquanto o ônibus chegava. Descemos na Alexanderplatz para apreciar a fonte de Netuno e a mais que famosa torre de televisão (Berliner Fernsehturm) que decidimos não pagar para subir. Seguimos até a parada mais próxima das ilhas dos Museus. Apreciamos a Catedral (Berliner Dom) e entramos no Forum Humboldt, mais para aliviar a bexiga que outra coisa. A fome bateu e acabamos no luxuoso Gendarmerie, onde matei a vontade de comer um chique e delicioso fígado, tendo ao fundo uma parede tomada inteira por uma colorida e exótica pintura. Aproveitando ao máximo nosso city tour bus, descemos na parada do Shopping KaDeVe, bem próximo ao nosso hotel. A primeira impressão, provocada pelas incontáveis lojas de grife, foi de que éramos uns estranhos no ninho, mas logo encontramos um self service de bebidas com preços iguais aos outros já visitados e sentamos ali por algum tempo rindo de nós mesmos. O shopping já estava fechando as portas quando decidimos sair para esbarrar com a polícia que entrava rapidamente no lugar, provavelmente por algum furto em uma loja. Pegando  a esquerda passamos em frente a bela e semi-destruída Igreja Memorial do Kaiser Wilhelm, que já havíamos admirado na noite da chegada. Após a terceira e última passada pelo nosso bar, tomamos o rumo do hotel.


(06.10.24 - Domingo) 

Após o café da manhã no hotel, desta vez sem a ajuda da doce portuguesa, pegamos um transfer até a central de trem. Chegamos cedo e durante a espera contamos com a companhia de um bêbado de quem por pouco não usurpamos sua garrafa de vinho. Já no trem, me dirigi de imediato ao restaurante, para onde logo vieram os outros dois, deixando as meninas na cabine, tomando conta das malas. Rsrsrs. Chegamos em Dresden pouco depois das 13h e seguimos arrastando malas até o Hotel Star G. Depois do rápido check in, descemos para a Altmark, praça em frente ao hotel, onde uma feira de produtos regionais, estva rolando animada. 

Comemos um PF vegano alemão com cerveja local, e ainda de bucho cheio seguimos andando até o ponto de parada do Hop on Hop off. Fizemos o circuito completo, sem parada, com direito a cochilos ligeiros, mas deu para aproveitar a vista belíssima do Rio Elba ao pôr-do-sol. Descemos diante do Kronetor, mas não podemos entrar pois já estava fechado. Ufa!!! Caminhamos até a Neumarkt onde há uma linda igreja barroca reconstruída após a Segunda Guerra e uma estátua central de Martin Lutero, onde Helano se esforçou bastante para contentar um casal de idosos que lhe pediu para os fotografar. Rodamos até acabarmos num bar (Hacker-Pschorr) do outro lado da Altmark, praça do nosso hotel, onde fomos pacientemente atendidos por um simpático garçom, com quem até tiramos foto.

(07.10.24 - Segunda)

Helano e Jaqueline acordaram cedo, deram um passeio pelos arredores e tomaram café no McDonalds que fica ao lado do Hotel. Eu, Sil e Gg achamos melhor comer no hotel mesmo. Às 10h o táxi nos pegou do outro lado da rua para nos levar à estação de trem; chega de arrastar malas pelas ruas. Inusitado foi o motorista só abrir as portas após pagamento dos 22 Euros devidos. A estação de Dresden é muito simpática e moderna. Comprei uma Leffe por preço semelhante ao de Fortaleza. O trem atrasou uns quinze minutos e um prestativo e kind velho funcionário da estação nos tranquilizou com suas preciosas informações. O trem estava lotado, com várias pessoas sentadas nas banquetas do corredor, onde tivemos que colocar duas das cinco malas. Dividimos a cabine com um jovem e elegante leitor que mostrou-se paciente com nossas intermináveis conversas. Às 13:30h  chegando em  Praga, após Gg e Helano trocarem Euros por Coroas,  tivemos enorme dificuldade para encontrar a parada do Uber. Chegamos a ser conduzidos a um ponto de táxi, mas o cara tinha um bafo tão grande de álcool que nos assustou. Entramos no Hotel Garden Court  às 15h. Fomos instalados em um espaçoso quarto no térreo, que depois descobrimos ser destinados a cadeirantes e com janela para o jardim do hotel. Foi o momento de Henrique entrar nessa história. Martina nos havia indicado um restaurante na mesma rua do hotel a uns três quarteirões à esquerda, e por onde passaríamos pela primeira atração da nossa estadia: as Borboletas (duas carcaças de monomotores onde implantaram enormes asas) gigantes e coloridas pregadas na parede de um shopping. Depressa encontramos o Pivovar U Medvidkú onde almoçamos e experimentamos diferentes tipos de cervejas. O garçom demorou para se mostrar simpático, mas acabamos nos despedindo com um não cumprido “See you tomorrow”. Caminhamos até a praça onde está instalada a cabeça circulante e fatiada de Kafka, obra de David Cerny. Dali caminhamos até a Old Town Bridge Tower (Ponte da Cidade Velha) onde enfim encontramos a Martina. Depois de muitos abraços e olhos úmidos de emoção, ela  nos levou para uma aula sobre o mais famoso relógio (Orloj) de Praga. Procurando um bar para matar a sede e as saudades, nos deparamos com o Monumento a Franz Kafka,  estátua onde o escritor cavalga um enorme terno oco e inflado. Entramos numa pitoresca livraria-bar (Bozska Lahvice), onde a dona retirou vários livros de uma mesa para nos instalar. Martina pediu alguns petiscos e muitas cervejas. Sob a orientação da nossa guia-cunhada, comprei um livro em quadrinhos do Kafka (O Castelo). Conversamos muito sobre sua vida na terra tcheca, até que ela teve que se despedir para encarar uma viagem de duas horas de ônibus para Karlovy Vary, sua terra natal e moradia. De volta ao hotel, ainda tivemos sede para tomar a caideira no jardim.   

(08.10.24 - Terça) 

Às 10h Daniel entra todo lampeiro no hotel. Caminhamos pelas ruas de Praga até que em um banco de pedra chegou a hora da habitual comparação de tamanho com Gg. “Vocês são muito doidos. Eu sou doido também”.

Chegando ao relógio sentimos falta da Xuxu. Voltei pensando encontrá-la diante de alguma vitrine de souvenirs, mas nada. Quando voltei ao relógio, ela já estava lá. Ufa!!! Fizemos uma longa caminhada pela beira do Rio Moldava, até chegarmos enfim à mais prestigiada cervejaria de Praga (U Flekú). Pedimos uns petiscos para acompanhar os copos de cerveja que desfilavam incessantemente pelo salão. A farra ficaria perfeita se não fosse o violonista que sabendo sermos brasileiros, nos brindou com “Ai se eu te pego” do Michel Teló. Melhor nem ter comentado. Daniel almoçou e teve que nos deixar em prol de uma aula de Termodinâmica. Depois de pagar a conta e comprar umas moedas comemorativas do bar, voltamos para a beira do rio. Bem diante das casas Dançantes, obras da arquitetura moderna de praga, pegamos a ponte para atravessar o rio até o lado do castelo. Erramos o caminho ao entrar num parque para crianças; desta vez por minha culpa. Seguindo agora pelo rumo certo paramos no Café Marnice  para um repouso, cerveja, café e xixi. Os amigos “covardemente” viram o museu do Kafka e não me avisaram, mas eu os perdoei sinceramente. Passeamos pelos jardins do castelo onde o que mais nos chamou a atenção foi uma esfera multi espelhada que contrastava com a antiguidade das construções. No pórtico do castelo duas estátuas me deixaram intrigado. A direita um gigante está quase a estraçalhar a cabeça de um pobre coitado que o olha de frente, enquanto do outro lado, um musculoso personagem está prestes a afundar sua adaga no pescoço de um humilhado ser que enterra a cara no chão. Descendo as escadarias encontramos um restaurante (Malostransky Hostinec) bem na praça da igreja para matar a sede e almoçar. Visitando o banheiro passamos por várias salas subterrâneas, tipo caves, cheias de mesas que naquela hora estavam todas vazias. Atravessamos de volta pela Ponte Carlos com suas inúmeras estátuas. A fome bateu e achamos um simpático Ristorante Mimosa italiano para matar a vontade de uma pasta com vinho. Para variar tomamos uma cerveja no jardim do hotel de onde fomos expulsos pela chuva que já começava. 


(09.10.24 - Quarta) 

Depois do café no hotel, desta vez incluso na diária, comprei um boné de Praga para proteger a careca do sol Tcheco, embora o dia tenha nascido nublado e o pátio do hotel bem molhado. Cansados de andar a pé pegamos  um Bonde elétrico (TRUM?) até o bairro judeu. Combinamos que não valia a pena pagar 500 coroas para visitar túmulos encardidos e limosos de um bando de filhos de Abraão. Pegamos o único metrô que iríamos utilizar em Praga, usando o mesmo bilhete do TRUM até o Museu Nacional, que infelizmente estava em obras, sem visita. Oba!!! Perambulamos pelas deslumbrantes ruas de Praga até a sede bater e paramos no Bohemia Goose para um chope. Almoçamos num pequeno restaurante bem local (U Kotvy),  que ficava quase ao lado do hotel. Descansamos bem pouco pois às 16h Daniel já nos pega para mais aventuras. Em frente ao Teatro Nacional  pegamos um bonde até uma cervejaria de um monastério (Strahov Monastery Brewery) localizado bem acima do castelo. Descemos o morro para encontrar a Martina que nos levou para um Clube de Jazz. 

O mau comportamento da cearensada foi censurado por um americano chato e por último pelo elegante baixista. Depois do carão resolvemos não curtir o segundo set e rumamos para um barulhento e movimentado bar na beira do rio. Ali nos despedimos da Martina e fomos guiados por Daniel até o hotel, que só não foi a Viena com a gente por falta de vaga no trem. 

(10.10.24 - Quinta) 

Apesar da ressaca, acordamos cedo para pegar o transfer até a estação pois o trem para Viena saía às 9:15h. Na estação fomos ajudados por um sabidão a subir as pesadas malas para o trem e cobrar 10 Euros por mala. Helano puxou uma nota de 20 e despachou o malandro. Pedimos um sushi com vinho e prosecco no serviço de bordo. O trem atrasou um pouco, mas o hotel ficava tão perto da estação que o espaço de 400m foi vencido sem inconvenientes, apesar da garoa vienense. Mas como nem tudo são flores imperiais, o quarto do hotel era muito simples, sem tv (como se fizesse diferença), um pilar tomava um quarto do espaço do banho, e especialmente não servia cerveja. Saímos para almoçar e infelizmente entramos num pequeno restaurante muçulmano que não servia bebidas alcoolicas, mas pelo menos tinha um preço bem tranquilo. Compramos um ticket de 24 horas para o metrô e seguimos para descermos na Stephanplatz. Visitamos a gótica Catedral de São Estevão (Stephansdom Sudturm) e subimos até o restaurante do  Hass-Haus onde demos imediata meia volta. Caminhamos pela Graben onde se destaca a coluna lembrando a calamitosa Peste que afligiu a cidade no século 17. Rodando que nem pião paramos para um café (Café Hawelka) onde muitos artistas iam bater papo e mostrar seus trabalhos. Bebi uma Dark natural sem muito prazer. Caminhamos até o Castelo de Hofburg onde passeamos pelos amplos jardins sob o crepúsculo de Viena. Jantamos em um simpático Restaurante italiano (Gennaro). Pegamos o metrô de volta para o hotel, mas descemos numa parada errada e tomamos um belo banho de chuva.  

 

(11.10.24 - Sexta) 

A experiência do café no hotel começou mal. Tive que subir para pegar o cartão, pois o pagamento era  adiantado pelo tal de voucher para um breakfast sem frutas mas farto de pães e bolos. Pegamos o metrô e descemos na charmosa e antiga estação perto do Palácio Schonbrunn, vulgarmente conhecido como Castelo da Sissi. Pagamos 22 Euros para a mais rápida visita a um museu que já fizemos. Xuxu ficou frustrada o resto da viagem porque não conseguiu comprar o “boné da Sissi” (LINDO, segundo ela), na loja de souvenirs em frente ao palácio devido adiantar da hora. O ambiente dentro do palácio é glorioso, muita opulência às custas da exploração imposta pelo último dos grandes impérios da Europa central. Mais negócio fez o Henrique que ficou passeando pelos amplos jardins. O frio não foi páreo para o lindo dia ensolarado. Subimos até o Gloriette para admirar o castelo enquadrado pela cidade de Mozart e Strauss. Descemos por uma vereda até a conhecida estação do Metrô e saimos bem próximo a Igreja de São Carlos.  A praça em frente estava tomada por barracas do Médicos Sem Fronteiras, mas não tínhamos tempo nem curiosidade suficiente para nos informar sobre a atividade desses heróis da saúde internacional. O que mais me chamou a atenção foi o contraste visual entre o prédio secular e a moderna estátua que ocupa o centro do lago em frente. O relevo das colunas laterais lembram que a Peste deixou marcas indeléveis por aqui. 

      

Pegamos o ônibus até a próxima atração. Mas antes de falar dela, vamos almoçar no Restaurante Grego (Art Corner) que fica bem em frente. Fomos muito bem recebidos e nos ofereceram regalos como sobremesa e um licor típico das terras helênicas. Atravessamos a rua e adentramos nos jardins do Belvedere.

O ticket de 24h do metrô estava nos minutos finais quando retornamos à Praça de São Estevão, onde compramos ingressos para o Concerto obrigatório da noite. Seguimos rumo ao famoso rio azul, mas chegando ao canal que fica ao seu lado, nos equivocamos e pensamos se tratar do Grande Danúbio, que ficará para ser visto em todo seu esplendor em Budapeste. Tínhamos algumas horas até o concerto e após uma infrutífera incursão ao Museu da Sissi que já se encontrava fechado (para tentar comprar o famigerado boné), entramos no Vapiano para mais umas cervas e jantar. Às  20:15h pontualmente começou o espetáculo. Strauss foi o grande artista da noite, mas Mozart não deixou de aparecer. Além da música, os artistas também se mostraram excelentes cômicos, arrancando gargalhadas de um bando de turistas, doidos para aproveitar cada minuto de viagem. Pagamos a passagem única do Metrô e dessa vez paramos na estação bem próxima ao hotel e sem chuva. 


(12.10.24 - Sábado) 

O café hoje foi diferente. Mesmo não estando habituado, achei super prático o modus operandi da multinacional McDonalds, além do que o sanduíche de ovo com abacate estava gostoso e com preço convidativo (7 Euros). Tentamos pegar um ônibus para Bratislava, mas não encontramos bilheteria, nem quem nos informasse. Parece que é o próprio motorista que vende a passagem, mas não estávamos dispostos a arriscar. Compramos os bilhetes (18 Euros) de trem na “caixa eletrônica” e para nossa surpresa descobrimos que a volta já estava incluída, bem como o ônibus na capital eslovaca. A viagem durou cerca de uma hora. Como sempre, erramos a saída da estação e tivemos que correr para pegar o ônibus lotado de turistas que nos deixaria no primeiro local de nossa rápida visita a única capital do mundo que faz fronteiras com três diferentes países. A primeira visita foi a Praça do Palácio Presidencial (Grassalkovich) com sua fonte banhando o globo do mundo. Seguimos andando até o Portão de São Miguel, entrada da cidade no século XV.


As ruas estavam lotadas e em muitos dos inúmeros bares das calçadas, alemães já esvaziavam enormes canecos de cerveja. Mais adiante tentamos entrar na catedral, mas felizmente fomos barrados por excesso de visitantes. Sem reclamar subimos as quase intermináveis escadarias que nos levava a mais um Castelo da viagem. Dessa vez nada de pompa, pelo menos no pátio que entramos. O que valeu a pena mesmo foi a ampla visão da cidade. 

Matamos a sede com a cerveja mais barata da viagem no restaurante do castelo. Descemos por um sítio diferente e voltamos ao centro histórico. Matei a vontade de comer um pato assado que veio quase inteiro, só faltou a cabeça e a outra banda. Demos um giro pela praça da Old town, vimos algumas estátuas de bronze famosas pelas histórias que inspiram e pegamos ônibus para a estação de trem. 

Chegamos ainda cedo em Viena e descobrimos um Pub (Cafe Guitarre), onde fomos super bem recebidos pelo sorridente e compreensível garçom. Experimentamos sua mini-pizza fatiada com diferentes queijos, regados sempre a cervejas especiais. Na saída, dois malucos resolveram comprar cigarros. Tantas moedas eles inseriam, quantas eram devolvidas pela máquina instalada na frente do pub. Não fosse uma gaucha comprar e oferecer o caro maço para eles, não teriam baforado aloucadamente pelas geladas ruas da gelada capital da Áustria. E haja tosse desse que vos fala. 

(13.10.24 - Domingo)    

Voltamos a tomar o breakfast no hotel, meio que a contragosto, mas fazer o que? No check out ousaram cobrar a estadia do nosso velhinho. Ainda bem que mostrei o voucher e o engano foi sanado com uma amarela desculpa. Caminhamos até a nossa conhecida estação central de trem e adeus Vienna. Bye bye Mozart. Fui Sissi! Chegamos na estação de Buda às 13h.

Pegamos um Uber italiano muito falante até o hotel (K+K Opera) mais chique da viagem, bem ao lado da Ópera e do lado Peste da cidade.

Rodamos um bocado até encontrar o Pork & Prézli Étterem, localizado por detrás do hotel e onde comi não por inteiro um bife empanado de porco, especialidade da casa. Partimos então para nossa tarde-noite de reconhecimento a capital magiar. Nos encantamos com a fachada da Ópera Estatal Húngara, e seguimos pela formosa avenida até a Basílica de São Estevão, com a praça tomada por bancas de lembrancinhas, sonho de consumo da turistada. Seguimos até a Praça Elizabeth,  onde nos sentamos para admirar a iluminada roda gigante, mas sem a magia suficiente para nos fazer pagar para experimentar.

Mais a frente, na Praça Vorosmarty, Sil comprou uma mochila de 30 euros (!!!) na C&A. Paramos no Anna Café e logo saímos pois o ambiente não sincronizava bem com a sede por cerveja. Descemos até a margem do Rio Danúbio para nos deslumbrar com a iluminação do lado Buda, especialmente seu deslumbrante Castelo. Retornando pelos passos marcados, paramos no Red’ N Café e Bar, restaurante simples, bem na esquina oposta ao já conhecido Anna Café, para comer uma massa com Cerveja. Na volta pro hotel voltamos a passar pela Basílica, agora iluminada.  

(14.10.24 - Segunda) 

O dia hoje foi todo de homenagem a aniversariante do dia. Viva a Xuxu!!! Tomamos café no hotel mesmo, mas não tivemos que pagar antecipadamente. Só dizer o número do quarto e partir para a comilança. Compramos o ticket 48h para mais um Hop on Hop off bem em frente a Ópera. A primeira parada foi na Praça dos Heróis,

a ampla praça em homenagem aos primeiros magiares que chegaram às encostas dos Cárpatos e ali se estabeleceram até hoje. A praça é onde acontecem as grandes manifestações cívicas da capital húngara. O monolito central estava em obras e envolvido por andaimes, mas deu para sentir a grandeza do lugar que é margeado por dois enormes edifícios dedicados às artes. A segunda parada foi na estação do Funicular para subirmos até o Castelo de Buda. Lá de cima a visão do Danúbio e de Praga é no mínimo exuberante. 

Sentamos para um descanso com a eterna companheira gelada e seguimos passeando pelos amplos espaços que parecem exagerados para nossos padrões modernos, mas que serviam para carimbar o poder dos impérios que dominaram o mundo em outros tempos. 

Deu tempo para comprar uns souvenirs antes de pegar o Funicular para descer até a beira do rio. Desistimos do ônibus e atravessamos a Ponte Szechenyi Lanchid para voltarmos ao lado Peste. Guiados pelo Danúbio fomos bater no famoso e inqualificável Parlamento. Suas múltiplas esculturas, cores e detalhes é de deixar qualquer um boquiaberto.

Encontramos um belo restaurante (Budapeste Bistro) ali por perto para brindarmos a saúde da Silvana. O garçom nos recebeu muito bem e até contou que já trabalhara em uma Churrascaria. Foram os pratos mais bem apresentados da viagem, ganhando de goleada do de Berlim. Xuxu merece!!! 

Aceleramos até o pier do barco, pois descobrimos que o ticket do hop que nos dava direito ao passeio era o de número 6 e ficava além do que esperávamos. Mas deu certo. Nos instalamos no deck superior sob um vento gelado e uma visão estonteante de ambos os lados de BudaPeste. Quatro doses de Black Label ajudaram a esquentar o sangue e brindarmos mais uma vez a Aniversariante. 

Desembarcados, retornamos até o Parlamento, agora todo iluminado, onde reencontramos Henrique. 

No rumo meio incerto pro hotel nos deparamos com o centro gastronômico da cidade, já nosso conhecido. Sentamos no Felisa Tapas Bar, com várias opções de petiscos e música ao vivo,   onde teríamos esturricados se tivéssemos trocado de mesa. No xixi de despedida fui brindado com a cena mais hilária da viagem: Genésio com a porta do banheiro feminino literalmente nas mãos. Os dois empresários, conversando sobre as dobradiças singulares da porta, quase me matam de rir, e ainda fazem, quando lembro do aperreio dos dois querendo recolocar a porta no devido lugar. Sorte ninguém ter aparecido para presenciar a inusitada cena. Chegamos no hotel tão animados quanto sedentos. A menina do bar deve ter ficado espantada com tanta animação latino americana. Era impossível deixar de lembrar da porta!!!! E tome cerveja, Aperol, licor local ….. e amendoim grátis.

     

(15.10.24 - Terça)

De repente se fez as trevas. Como falar com o povo sem o wifi do hotel? Corredores e elevadores funcionando à custa dos geradores. Café da manhã a luz dos celulares. Uma pequena vela chegou já no fim. Café coado, sem direito a expresso. Vou me informar na recepção e o espanhol me mostra o aviso sobre o balcão: Manutenção anual até as 12h. Não demos bola pro azar. Ensinamento estóico. Saímos com as mochilas nas costas. O programa de hoje exigia roupa de banho, chinelos e toalhas. O Hop nos deixou na frente das Termas Gellért.

Já de roupa de banho partimos das piscinas. A primeira que encontramos foi um banho frio na nossa expectativa. Ao ar livre, glamour zero e lotada de gente. Silvana não se conformou e sua perseverança nos guiou até a que nos prometia as fotos vistas nos sites visitados. Tive que comprar uma touca para entrar na piscina grande, que por sinal não era aquecida, mas sem frio proibitivo. 

Curtimos a pequena da frente, estava aquecida, e subimos para dar uma segunda chance à piscina externa. Dali fomos ao restaurante para beber uma cerveja e um vinho pro Gg. Secamos os poucos cabelos, trocamos a roupa e chega de SPA!

Atravessamos a ponte rumo ao Mercado Municipal onde almoçamos num Self Service diferente dos que estamos acostumados: a gente pede por prato pronto. Um violino nos brindou com Garota de Ipanema e levou 10 Euros. 

Retornamos pela ponte até a parada Hop em frente ao Guellert. Esperamos bem mais que os prometidos no máximo vinte minutos. O ônibus nos deixou na parada 01, em frente a nossa conhecida Catedral. Boiamos sem pressa até o hotel. Ainda não era 18h e decidimos nos despedir do bar do hotel e de sua enigmática garçonete. Fizemos as nossas contas, cobramos os devidos, subtraímos os créditos e tudo terminou bem, com a promessa do Gg de pagar as passagens dos trens para o Henrique. Subi pro quarto, me deitei para relaxar e só me levantei na madrugada de amanhã. Helano ainda bem que tentou nos levar para jantar numa cantina perto, mas cadê disposição?  

(16.10.24 - Quarta)

Tomamos nosso último breakfast on Europe, fechamos as malas e as contas gastas no hotel. Às 8h o transfer já nos esperava diante ao K+K. Largamos o Henrique, despachamos as malas direto à capital cearense, gastamos mais uns euros com perfumes em promoção, e após um atraso de 50 minutos pegamos nosso primeiro e rápido voo até Viena. Ainda bem que os voos estavam todos atrasados e tivemos tempo para um sanduíche com cerva vienense. 

Mal botamos os pés em solo lusitano, os funcionários da Tap nos apressaram para fazermos a emigração e o embarque imediato. Tome corrida até o portão 46, onde chegamos suados, quase esbaforidos e com os portões ainda fechados. Mais uma meia hora de espera dentro do avião, seguido de um vôo de bolorosas 7 horas. Enfim o calor de Fortaleza e da Família. Apesar do cansaço, é só fechar os olhos e ficar pensando na próxima viagem. Um beijo nos meus valorosos, tolerantes e carinhosos companheiros de mais essa produtiva aventura. Huammmmmm.