Canto em
sonho
O que não
posso voar.
Sonho em
canto
Tudo que não
Que me
perdeu.
Enquanto
durmo
Posso
esquecer.
A luz que se
acende,
Revela o
mundo
Que me
venceu.
Um texto não lido é como um amor não correspondido. Neste espaço quero compartilhar um pouco de meus escritos, dar e pedir sugestões de leituras,filmes, músicas e ...
Canto em
sonho
O que não
posso voar.
Sonho em
canto
Tudo que não
Que me
perdeu.
Enquanto
durmo
Posso
esquecer.
A luz que se
acende,
Revela o
mundo
Que me
venceu.
Não é irreal. Certo dia, andando por uma Rua do Leblon, ouvi um bêbado num boteco de esquina, berrando alto contra Nordestinos, ou seria Paraíbas, nem lembro direito. É claro que não era comigo, e aquilo, apesar de estar sozinho, não me abalou a ponto de temer por meu bem-estar físico; e a figura não merecia atenção sequer do dono do bar. O ano era 2014 e Dilma acabara de vencer a eleição. Muitas vozes se insurgiam contra o populismo do Bolsa Família, que havia garantido os votos de milhões de famintos. O destemido bebum repetia o que ouvia na TV e nas esquinas da Classe Média Brasileira. O salário mínimo ganhava força diante da inflação, as empregadas tinham suas carteiras assinadas e jovens negros e de escola pública sentavam nos bancos das universidades públicas. Como não se insurgir contra tal mudança de enredo social? Tudo isso já foi tão dito e batido que prefiro voltar a atenção ao insulto contra o Bolsa Família. E volto não por vontade própria, mas porque esse mesmo instrumento de amparo social agora ocupa a agenda de quem reverberou as mesmas queixas daquele inconformado baconiano de uma certa esquina do Leblon. Não ouso me insurgir contra qualquer medida que traga arrefecimento da trágica condição econômica por que passa não menos de 30% de nossa população. Enquanto vivermos a ditadura da agiotagem institucional que é a rolagem da dívida pública, enquanto os mais ricos pagarem menos imposto que os mais pobres, e uma imensa reserva de oferta de trabalho impeça a valorização do capital laboral, não poderemos deixar de contar com essa “condução coercitiva” (https://youtu.be/wZbqVXnhVAw), comparação infeliz feita um dia por alguém que ao ver sua popularidade aumentada resolveu seguir pelo mesmo caminho que antes execrava. Ainda bem!!!
...
Tão como veio
se foi.
E tudo,
carente de todo desejo,
se fez mudo
de tanto do que
não pôde amar
...
A mente cruel
não mente,
se organiza
desde a semente.
Dá flores e frutos
para nenhuma
gente.
...
Quando a madrugada
entrou trouxe o frio
que não congela a alma.
Trouxe o fel que
nenhuma dor acalma
e o grito torto
que não espanta,
salva.
...
Magia de chuva
sem nada para jogar
na fogueira da razão.
Tudo faz sentido
exceto qualquer motivo
para pedir perdão.
Sonhar é permitido
desde que não se
acorde na solidão.
...
Não há prerrogativa
para a dor. Se tudo
anda quente é porque
não falta calor. Quase
sempre é melhor calar
do que se imiscuir no
sem pudor. Não é porque
o ideal habita o infinito
que nos contentaremos
com o que não é bonito.
...
Se tivesse
que morrer,
bem que podia
ser hoje.
Nesse instante
de pouca ilusão,
quando o nada
se confunde com
o que não pede
para ser.
...
Desejos e intenções
são difíceis de
realizar e satisfazer.
São tais goelas
que nunca se saciam,
vivem secas e carentes,
se alimentam de
ilusões, sem ter medo
de sofrer.
...
Beber os mortos é
costume que nunca perdi.
Um brinde a quem
sempre amei
e que muito me quis.
Se viver é muito
arriscoso,
pior é não ser feliz.
...
Nada é absoluto,
exceto a morte.
Não tenho lições a dar,
apenas dúvidas e
vagas opiniões.
Renego o imperdível
e me contento com
a simplicidade
do cotidiano.
Bebo, como,
leio e logo durmo.
Acordo cedo
com alguma sede e
uma baita
vontade de amar.
...
Eu e eu,
nús no chão
do banheiro.
Como no tempo
em que ninguém
morria.
Quando se duvidava
que a dor existia.
Quando se imaginava
que a pele sem vida
não tinha cheiro.
Há coisas,
bem poucas
de verdade,
que não cabem
na ilusão do tempo,
nem no cárcere do espaço.
Não se medem,
nem se explicam,
bailam pouco
pelo palco da razão.
Se peneiram no ar
e se espalham
livres, aleatórias,
alheias às vontades,
imunes às obrigações.
Podemos dizer
que pulsam?
Pode ser que sim.
Por que não?
O tempo é pouco
para se contar.
O caminho,
por mais longo
que seja, não
se deixa cansar.
Um misto de magia
sob a mais pura
e legítima
ditadura do gene.
Coisas que se
impõe pela ternura,
pelos olhares que
nunca pedem,
e não por carência
buscam um momento
jamais perdido.
Memórias construídas
bem anteriores ao
instante milagroso
de cada parto.
Simbiose mais que perfeita
conjugada no verbo da vida,
unindo seres tão improváveis
quanto idênticos.
Aprendemos a contar,
dividir tudo em dias,
semanas, meses,
anos e séculos.
Só não conseguimos ainda
transformar em
números e fatos
a justeza serena
que nos une e nos acolhe.
O certo é que
o eterno não nos é
suficiente.
Queremos mais,
muito mais.
...
Toda relação
duradoura se
baseia nas
diferenças.
Homem e mulher,
o meu e o teu,
sempre hão de
se encontrar.
...
Andar, andar,
fugir do que
ficou para trás.
Descobrir que
o futuro é o
próprio passo
no presente,
a próxima ferida
a se espalhar
na alma da gente,
o sonho que nunca
se ousa realizar.
...
Não disse adeus,
ao menos de forma
convencional.
Se despediu com um
sorriso presente,
a todos dizendo amar.
Não notei sua alma ardente,
fingindo o prazer de ficar.
...
Saudade do cheiro
que nasce de tua pele
e de outras oferendas.
Lábios tão pequenos,
de beijos tão serenos
que nenhuma cupidez
consegue ocultar.
...
Para tudo,
para todos.
Para poucos,
para porcos.
Para quem,
paraquedas.
Para além,
paralelas.
...
Não há perdão
sem dor,
nem alegria
sem calor.
A luz que a
nuvem não oculta
aquece o coração
da terra e deixa
fluir toda culpa.
...
Quando me traíres
não te matarei;
não assim,
ligeiro,
mirando o coração
com puro frio punhal.
Mas, com todo
fervor do desejo,
te comeria inteira,
com fel e
sem sal.
...
Fui vencido
pelo medo
de viver.
Olhando o
que me rodeia,
fiquei tonto
com o que
constatei de
dor sem
segredo.
...
Ser bipolar
entre o uisque
a cerveja.
Jogo entre o
sim e o não.
Ser que respira
e arqueja
e nunca pede perdão.
...
Descalço o sapato,
restou o
calor da meia.
Lua,
amante desalmada
que se esconde
quando cheia.
...
Repenso a vida
no quarto frio e escuro
onde construímos um
alto e largo muro;
na mesa que se posta
para cada um com sua vez;
na TV que não desliga,
no amor que não se fez.
...
Eu vi
o dedo de Deus
apontando
para o além,
onde habitava
a eternidade,
onde não havia ninguém.
...
A solução
está no berço,
no terço que pede
para o pranto chorar.
Na noite sem lua,
sem nada para esquecer,
no embalar o filho
que há de nascer.
...
Grande é a fonte
de onde pouco se espera;
é a luz que na escuridão
traz consigo a vela;
a mentira que nasce
de quem nunca erra;
a água que esfria
a mais dura terra.
...
Quem sabe o que diz
nunca pede para ficar.
Reconhece a hora da partida,
não pede clemência,
nem chora por perdão.
Olha sempre para frente,
solta sem dor a mão do irmão.
Não quer deixar saudade,
mas para isso
não conhece solução.