Há coisas,
bem poucas
de verdade,
que não cabem
na ilusão do tempo,
nem no cárcere do espaço.
Não se medem,
nem se explicam,
bailam pouco
pelo palco da razão.
Se peneiram no ar
e se espalham
livres, aleatórias,
alheias às vontades,
imunes às obrigações.
Podemos dizer
que pulsam?
Pode ser que sim.
Por que não?
O tempo é pouco
para se contar.
O caminho,
por mais longo
que seja, não
se deixa cansar.
Um misto de magia
sob a mais pura
e legítima
ditadura do gene.
Coisas que se
impõe pela ternura,
pelos olhares que
nunca pedem,
e não por carência
buscam um momento
jamais perdido.
Memórias construídas
bem anteriores ao
instante milagroso
de cada parto.
Simbiose mais que perfeita
conjugada no verbo da vida,
unindo seres tão improváveis
quanto idênticos.
Aprendemos a contar,
dividir tudo em dias,
semanas, meses,
anos e séculos.
Só não conseguimos ainda
transformar em
números e fatos
a justeza serena
que nos une e nos acolhe.
O certo é que
o eterno não nos é
suficiente.
Queremos mais,
muito mais.
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