Em um castelo arruinado de um país miserável viviam dois
gatos. Todo dia, por vezes antes do sol nascer, a empregada enchia duas tigelas
de leite fresco para eles. Os gatos davam um ou dois goles do branco alimento e
partiam céleres e alegres aos suculentos ratos que, como todo mundo sabe, nunca
paravam de se multiplicar. Durante anos os donos da propriedade nunca tiveram o
dissabor de dar de frente com os indesejáveis roedores, mas como
acordavam muito tarde poucas vezes davam com nossos dois felinos personagens.
Até que a crise sócio-econômica-política mundial obrigou a família a vender a casa. Os novos
donos tão logo se instalaram fizeram uma auditoria na despensa e logo
perceberam que havia alto consumo de leite para tão pouco gato. Ou os bichos
bebiam tudo ou nada de leite. Informados pela empregada um gato olhou pro
outro, que miou de volta: “Vamos beber tudo e garantir a boia, afinal não é
todo dia que os ratos dão sopa”. Quando os ratos roeram a roupa do residente recém-chegado, este correu à cozinha
em busca de ajuda. O gato mais velho, com o diário oficial na mão foi logo
esclarecendo: “Sinto muito, mas estamos regimentalmente de férias”, e se
virando para a empregada pediu o terço adicional de leite.
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