A felicidade existe somente na
lembrança. Somos seres insatisfeitos com o presente, desiludidos com o futuro e
saudosos do passado. Tudo hoje é pior do
que no “nosso tempo”. Certamente porque “naquele tempo” ficou perdida nossa
juventude, nossa ânsia de crescer e descobrir o que se passa do outro lado da
porta trancada, de viver sem medo de errar. Só ao jovem é dado o direito de
errar. Ao adulto ficou o de lembrar. O tempo é nosso inimigo. Ele mata a nossa
inocência e enche de culpa a nossa consciência. O tempo, via de mão única para
a morte, é pai carrasco, porém imparcial. Lembramos para esquecer os sonhos que
se perderam num casamento mal feito, numa profissão mal escolhida, num círculo
de amizade mal arregimentado. Colhemos as más escolhas, e deixamos as boas no
solo fértil da memória. Tudo antes era
bom porque já passou e nós resistimos, escapamos com feridas que bem ou mal
cicatrizaram. Tudo agora é tão real
que mal podemos tolerar a dor desta verdade. O que será é impossível de imaginarmos porque perdemos a capacidade de
fazê-lo. ( Inspirado em “O Cantor de Tango”. 31.01.05
Nenhum comentário:
Postar um comentário