Juro: já simpatizei Corinthians.
Quando menino queria ser goleiro. Passava muito do meu tempo livre pegando bola
chutada por um tio que morava conosco e adorava futebol, especialmente o
Fortaleza. Queria ser o Leão, goleiro da seleção no início dos anos setenta.
Como ele jogava no Palmeiras, tinha especial simpatia pelo time verde e achava
Ademir Da Guia o melhor jogador do Brasil e do mundo. Mesmo assim vibrei muito
quando o Timão ganhou um título paulista após anos de jejum. Não me perguntem o
ano nem o nome do zagueiro que fez o gol redentor, pois nunca me lembro, apesar
das inúmeras vezes que ouvi dos conhecidos conhecedores da matéria
futebolística a quem conto essa história. Meu pai me levava sempre para ver os
jogos do Fortaleza e mesmo nos clássicos com o eterno rival Ceará, nunca
presenciei brigas no estádio. Lembro que eu e meus amigos ficávamos na esquina
de casa vaiando as bandeiras alvinegras e aplaudindo as tricolores. Era o
máximo de agressão que se permitia e existia, pelo menos de meu conhecimento e
prática. Escavinhando a memória lembro o banho de xixi que papai levou no jogo
horroroso da seleção brasileira contra o Uruguai. Papai ficou uma fera e saímos
antes do final sem nenhuma queixa já que nem o gol arranjado de pênalti deixou
satisfeitos os indignados e espremidos torcedores. Explico que minha atual antipatia
gratuita pelo timão se deve ao fato de ter visto uma cena de selvageria nas
arquibancadas de um estádio onde um torcedor corinthiano chutava sem piedade,
possuído pelo mais fervoroso espírito do mal, a cabeça de um rapaz, nem lembro
mesmo a cor de sua camisa, devia estar mesmo vermelha de sangue, deitado sobre
o granito duro daquela arena de espetáculo esportivo. Analisando aquele
episódio sob a luz da razão sei que o ato criminoso não pode ser considerado
monopólio da torcida do time do Parque São Jorge, mas entendam que a imagem
marcou tanto minha jovem e inocente cabeça que até hoje ainda a trago na
memória.
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