O princípio do ocorrido foi os elogios mútuos às mulheres
enquanto elas estavam no toalete. Recebidas com largos sorrisos ficaram meio
sem jeito, talvez até imaginando coisas, pois nenhum foi capaz de explicar-lhes
o inefável ar de felicidade. Saíram do restaurante de braços dados, cada qual
com seu cada qual, até que a força oculta que pairava no ambiente fez das suas
e não sei em que altura do caminho até o apartamento do casal que morava mais
próximo e onde combinaram tomar um último drinque, deu-se a troca.
Parecia que tinham acumulado assunto durante o período que saiam juntos para se
divertir. Impossível imaginar do que tanto conversaram, mas não deve ter sido
sobre futebol, cerveja, vestidos ou sapatos. Bastante improvável que tenha sido
filosofia ou política, muito menos amor. Chegaram ao apartamento cheios de
vontade, mas sem pressa. Abriram uma garrafa de champanhe, brindaram à saúde e
à vida e se recolheram às suas respectivas alcovas, sem nenhum comentário desnecessário.
Quando ela saiu do quarto do adormecido anfitrião encontrou-o na sala, olhando
pela janela a alvorada que se anunciava tênue e fria por entre pesadas nuvens
de verão.
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