Ler é fugir, quando menos uma desculpa para o isolamento,
coisa tão difícil no mundo do celular. Perdemos a privacidade, o direito de
ficarmos sós com nós mesmos. O homem tem medo da solidão do eu. Tem medo de
pensar, ato perigoso para quem acredita no pecado e no julgamento moral. O ato
solitário de ler resgata a busca do eu interior. Lemos para experimentarmos o
que jamais viveremos. Imergidos em nossa deliciosa rotina, procuramos na
leitura a tormenta da tempestade, onde podemos mostrar nosso valor, viramos
Quixotes, ou mesmo Panças, heróis, auxiliares, ou mínimos expectadores. O
leitor não pode ter o pudor de se declarar egoísta, mas deve saber a hora de
parar para escutar quem pede sua atenção. Importante fechar o livro sem
aparentar que faz uma concessão, mas não deixar dúvidas que é apenas uma pausa,
e quanto mais curta melhor.
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