Nua sob lençol branco
Repousa silente,
Cheio de encanto,
O corpo da adolescente.
Arquejando ele assiste,
Com dor e sem pressa,
A verdade contundente
Do quase nada que lhe resta.
Vira-se sem respeito,
Coça o pescoço,
Esfrega o peito numa
Inquietude sem alvoroço.
Magoado pela vergonha
Parte em busca de vingança.
Enquanto a menina sonha,
Ele acredita, tem esperança.
A pele sedosa se cala,
Não se arrepia.
Despreza esse amor
De tão pouca valia.
Respira fundo
Acalmando o peito
Enquanto mãos trêmulas
Passeiam pelo corpo, sem
jeito
O sorriso da inocente.
Só aumenta seu horror.
A folia de um mundo
inconsciente
Alimenta sua alma de dor
Quer fugir,
Mas o orgulho lhe prende.
Quer amar,
Mas o desejo não vem
Quer morrer,
Mas o coração não para.
Quer matar,
Mas sua mão é covarde
Quer compreender,
Mas a menina esta muda.
Quer esclarecer,
Mas a criatura não ouve.
23.09.05
Inspirado em
“Memórias de Minhas Putas
Tristes” de GGM.
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