É bem a terceira vez que aquele
metro e meio de gente passa diante da farmácia. O suor pinta um colar poderoso
na gola da blusa. “Mais duas voltas e tá bom”, segue seu calvário, decidida e
otimista. “Ufa! Cinco voltas em uma hora, desse jeito acabo virando atleta”,
sonha. Tira o sapatinho de lona, pendura a bolsa no gancho da balança e sobe serelepe,
rebolando as formas. O ponteiro ingrato não para de mexer. Oitenta e nove. “Perdi
duzentas gramas esta semana”, se consola. Sei que cometi um erro vocabular, mas
ela não sabe que lhe roubaram o sapato.
Acredito que essa metro e meio e gorda não saiba o que se faz no outro dia com o que se comeu ontem e hoje.
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