Ontem, 08 de Março, dormi com remorso por não ter escrito
nada sobre o Dia Internacional da Mulher. Confesso que tentei, até escrevi
algumas linhas, mas que não convenceram nem a mim mesmo. E escrever sem
sinceridade é o mesmo que declarar amor a quem não se ama. Hoje minha mulher
comentou que adorara o discurso da nossa presidenta Dilma sobre o dia de ontem.
Achou-o sóbrio e coerente, sem pieguices. Disse, para consolo de minha dorida
alma, que não se identificava com o tal dia, nem gostava de receber os parabéns,
que classificou de melosos, de todos que a encontrava. Entre um cheiro e outro
disse que ela é uma felizarda, pois tem uma profissão valorizada e respeitada, é
independente financeiramente e tem um marido que compartilha a administração da
casa e a educação das filhas (Fiz mal em puxar um pouco de lenha para minha masculina
fogueira?). Dito isso, passamos a comentar que essa não é a realidade vivida
pela maioria das mulheres do Brasil e do mundo. O modelo econômico que
privilegia a "produção" impõe restrições ao trabalho feminino. A realidade biológica
da gravidez, da maternidade com sua necessária e consequente amamentação,
estabelece barreiras que desvaloriza o valor do seu labor. Felizmente esses
obstáculos vêm sendo quebrados e a mulher ganha aos poucos, impossível por um
passe de mágica transformar uma cultura socioeconômica de séculos, o lugar que
tem direito como ser humana e cidadã produtiva e
o dia em que não precisemos mais de uma data para lembrar isso certamente há de
chegar.
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