Calorão.
Sede braba. O bebedouro ocupado pelo cara que saiu tossindo grosso. Um embrulho
subiu até a boca. Nãaaaa. Cruzou a rua e entrou no bar. Pediu uma garrafinha de
mineral e um copo plástico. Enquanto esperava o copo descobriu o rapaz que
tomava uma gelada num canto escondido do bar. As pernas amoleceram. Sentou na
cadeira mais próxima. Matou a sede, ficou a vontade. Diante da indiferença
achou por bem ir embora, a aula já devia ter começado. Quando voltou o bar
estava fechado. Virou freguesa. Só na sexta seguinte reencontrou a razão de seu
desejo. Já estava grandinha demais para tanto pudor. Perguntou se podia tomar
um gole. Duas horas depois estava esparramada na cama, tonta do gozo, grogue de
prazer, feliz pelo sonho realizado. O barulho da descarga desperta a atenção.
Fixa-se na porta. Sorri diante da expectativa da imagem idolatrada. Ele aparece
de camisa passada, cheiro de sabonete. Tira a carteira do bolso de trás.
Escolhe algumas notas que coloca sobre a cabeceira. Como ela não reclama
entende que é o bastante e sai apressado. Chora, consumida pela vergonha, por
seis dias e seis noites. Quando ele chega a encontra na mesa de sempre. Comem e
bebem mais do que o de costume. Toma a conta da mão dele. “Hoje quem paga sou
eu”. 07.10.05
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