Não há direito animal maior que o de estribuchar. O bicho acoado vira fera, pela simples perspectiva do tudo ou nada. Toda boa estratégia de guerra deve permitir uma rota de fuga ao inimigo. Uma fera sem opções tem tudo para virar um monstro imprevisível. Os vencidos, principalmente os que foram por pura força bruta, recuam anunciando suas razões e desencantos, mas reconhecem a derrota e seguem adiante na perspectiva de alcançar melhor sucesso no futuro. Afinal o mundo gira e o pavão de hoje será o espanador do futuro, como não cansa de dizer um dileto amigo. Mas o que fazer com os pavões que não percebem a toza das penas? Os que estufam o peito, escondem sua decadência sob tosca maquiagem laranja e piam ou pupilam as mais absurdas idiossincrasias sobre toda comunidade aviária ou não? A turbulência sempre fez parte dessa aventura animal sobre a crosta terrestre, onde nenhum deus conseguiu a unanimidade para proporcionar a harmonia natural a sua suposta criação. Alguns tentam a pacificação com o eterno através do livre-arbitrio, o que outros se utilizam e confundem com liberdade sem fim. A tecnologia permitiu a possibilidade de se espalhar qualquer coisa que brota de qualquer oca cabeça, sem o medo do retalhiamento real e imediato. Pouco importa se o gatilho do inimigo é mais veloz se eu posso atingi-lo de longe, seja com calúnias e difamações. O escrúpulo não incomoda ao pavão sem penas que conta com a plateia de minhocas que ele tem até nojo de bicar. Ou seria só medo de perder a mesmo que torpe e simplória platéia? O mundo é grande. Os mares ocupam 2/3 da superfície da Terra. Nenhum império durou para sempre.