Nada mais para fazer senão lembrar. Enquanto assisto a vida correr para lá e cá, entre tantos rostos para quem sou um perfeito invisível, passeio o pensamento por aqueles que se fizeram saudade. Revejo as lições da infância, as pequenas palmadas pela pequena malcriação, as brigas por motivos incertos, os incontáveis copos brindados, as pequenas e grandes confidências, os cafunés que valiam moedas, os braços que me carregavam para a cama, os xaropes e infusões que aliviavam as incômodas gripes, as viagens vividas e as nunca realizadas, os olhares cheios de compreensão, mas também de repreensão, tudo assim embaralhado, coisas e fatos tão cotidianos que fica difícil explicar o porquê de permanecerem registradas na memória. Enquanto o mundo gira, e com ele cada um de nós, vira dúvida nosso sonho de eternidade. Será que somos esse sonho? A resposta é tão incerta quanto é real a presença de todos que assinaram o caderno de nossa história.