Meu ar é a dor.
Me alimenta o pensar
que ninguém
namora a morte
como eu.
Pois sofro pela simples
razão de respirar
e espero ser
incompreendido,
o ser vivente
que não sonha
com a eternidade.
Um texto não lido é como um amor não correspondido. Neste espaço quero compartilhar um pouco de meus escritos, dar e pedir sugestões de leituras,filmes, músicas e ...
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Éter
Não quero
falar de amor,
Nem esquecer
que existe o ódio.
Quero dizer
que existo
E isso devia
bastar.
De tudo que
sei
Muito queria
esquecer.
De muito que
sou
Tudo quase desejo
mudar.
Nada é tão
absoluto
Que não
admita questão.
Nada está
completamente cheio.
Não existe a
ausência do vazio,
Nem a
concretude de qualquer razão.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
Creio
Crer:
Necessidade ou obrigação?
Algo que se aprende
Ou que brota macio
Do fundo do coração?
Um dia ousei
Dizer que não cria.
Hoje sei, estava errado:
Só não crer
Quem tem vida vazia.
Creio no sorriso verdadeiro
Dos meus pais quando aqui
chego,
No seu beijo que me faz
criança,
Neste ninho, onde esqueço o
medo.
Creio no amor quase materno
Nos olhos de minhas irmãs
Como no sol que brilha
eterno,
A cada nascer da manhã.
Creio no calor amoroso
Dos braços de meus irmãos
Creio na lua que enfeita
O céu dos homens bons.
Creio nos meus sobrinhos
Meninos e meninas que vi
crescer
Bonecos moldados pelo carinho
A quem quero ensinar e com
eles aprender.
Creio nos tios e cunhados
Pais, mães, irmãos segundos
de tantos caminhos.
Creio na palavra sincera
E fraterna de todos os
amigos.
Creio nos pais que me
adotaram
Que me querem que nem filho
Pais da companheira
Com quem meus dias partilho.
Creio nesta mulher
Que no frio me dá calor.
Ela é prova inconteste
Que existe o eterno amor.
Creio nas lágrimas que choro
Ao lembrar das nossas filhas
Pingos de luz e amor,
Nossas duas maravilhas.
Razão de toda uma vida
Emoção que toca mais fundo
Duas almas pequeninas
Tudo o que se quer do mundo.
Creio que a vida é melhor
Quando de tudo se partilha.
Creio que nada existe maior
Que o amor da nossa família.
Natal de 2007.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
Gente que se foi
É preciso preencher estas linhas,
Borrá-las de tinta e de emoção.
Assim como seguir seguindo
Como diz uma bela canção.
É preciso engolir o pranto
E transformá-lo em alegria,
Pois o riso nos dá força
De seguir o dia a dia.
É preciso olhar longe
Sem esquecer o que ficou
Gente que foi embora
Mas deixou o seu amor.
É preciso seguir o arco-íris
Regar a vida com desejos.
Saber o valor do carinho
E nunca negar um beijo.
sábado, 22 de dezembro de 2012
Sobrevivente Transitório
Uma a uma
A vida ia se perdendo
E o pouco de oxigênio
Que sobrava
Só enchia de temor
Os pulmões dos
Sobreviventes transitórios;
E a água que ficava no copo
Não conseguia matar
A sede do último ser.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
211212
A noite se fez dia
E tudo se apagou
Num clarão de
Mil sóis.
A vida se esvaiu,
Os sonhos perderam o sentido,
O amor já não conta
E nada mais dói.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Terror - Antologia Sobrames 2012
Acordei com uma bruta dor na boca. No lugar dos incisivos
centrais um coágulo quente e macio chamava a atenção de minha inquieta língua,
vítima comum da noite anterior. Tinha sede. Tateei no escuro a procura de um
mínimo de humanidade em forma de água e nada. Gemi, inicialmente baixo, um
lamento, um sussurro em busca de piedade, um lamento cheio de dor e desespero,
um pedido de socorro, um fio ínfimo de esperança. Um click antecedeu em
impercebíveis milésimos de segundos o clarão que encandeou minha retina. Minha
ofuscada figura foi carregada por dois fortes pares de braços através de um
corredor de lamurientos gemidos até uma sala grande próxima o bastante para que
minha visão não pudesse ter recuperado a lucidez. As vozes se misturavam
trazendo-me maior inquietação. Uma delas pediu que me encapuzassem. Por um
instante vivi a ilusão que conhecia seu dono e já ia inspirar um pouco de
esperança quando um soco me quebrou o nariz. Antes que abrisse a boca para
poder respirar, um jab de esquerda me descolou a mandíbula impondo pela força o
ato que faria por pura e voluntária necessidade. O zumbido no ouvido perturbou
minha percepção auditiva; as vozes se misturaram deixando-me órfão de qualquer
consolo. Desejei que a morte chegasse célere e este pensamento trouxe-me paz e
resignação. Tentei entregar minha alma a Deus, mas o exercício de incredulidade
dos vividos anos sem fé falou mais alto e mudei imediatamente o foco para a
inviabilidade do eu diante da enormidade impenetrável do universo cósmico. Um
balde de água gelada me acordou do sonho de Nirvana. Senti a dureza fria do
concreto contra minhas proeminências ósseas. O foco cirúrgico me mantinha cego.
A voz - teria sido aquela que julgara conhecida? - pediu com um grito quase
desesperado que apagassem a luz.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Na hora do rush
Na hora do
rush
Todo mundo
vira um.
Cada qual
susta sua pressa
No gemido
trêmulo e manso
Do motor em
ponto morto.
Na hora do
rush
Perde-se a
noção do movimento
E o segundo
não soma metros.
Mede-se
somente o tempo
Que se perde
em cada
Centímetro
de asfalto.
11/01/12
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
Mil Fins
Antes de
cada recomeço
Existem mil
fins.
Uns alegres,
Muitos tristes.
Alguns
deixam saudade,
Outros não,
de tão ruins.
Vários são
rios de pedras
Poucos floridos
jardins.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
Cadeia Temporal
Tomei as
rédeas do tempo
Na intenção
de colher
Só bons
momentos.
Foi então
que entendi
Que ele é
uma corrente
De elos
inseparáveis,
Indiferente
à nossa
Cadeia de
(in)felicidades.
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Tudo é mesmo relativo?
Vá lá que tudo seja relativo, mas certamente algumas coisas
são mais relativas que outras. A felicidade é possivelmente mais relativa que a
verdade, que são infinitamente mais relativas que a beleza.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
Abdução.
A noite estava fresca e o céu me recebeu tão salpicado de luz
que resolvi, contra todos os instintos de sobrevivência, me sentar no banco
central da praça, àquela hora praticamente vazia, exceto por um ou dois casais
impudicamente engalfinhados – embora desconfiasse que muitos outros exercitassem
o amor por entre moitas e sombras periféricas. O rapaz que me pediu um cigarro
seguiu em frente sem esperar que eu me desculpasse por não fumar. Segui-o destemerosamente até perder sua figura e todo problemático pensar para a escuridão. Quando ele
voltou, já com o dedo no gatilho, encontrou somente o banco vazio.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
Janela Vazia
Olho a janela vazia e quero chorar. Cadê o sorriso, prenúncio
de um dia bom? Saí do elevador com a intensão de olhar sempre para frente, mas o
hábito de receber sua graça foi mais forte que a realidade. Ligo o som do
carro, dou uma ré e buzino para o porteiro abrir o portão da saudade. 30.11.12
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Pausa Para Leitura
Ler é fugir, quando menos uma desculpa para o isolamento,
coisa tão difícil no mundo do celular. Perdemos a privacidade, o direito de
ficarmos sós com nós mesmos. O homem tem medo da solidão do eu. Tem medo de
pensar, ato perigoso para quem acredita no pecado e no julgamento moral. O ato
solitário de ler resgata a busca do eu interior. Lemos para experimentarmos o
que jamais viveremos. Imergidos em nossa deliciosa rotina, procuramos na
leitura a tormenta da tempestade, onde podemos mostrar nosso valor, viramos
Quixotes, ou mesmo Panças, heróis, auxiliares, ou mínimos expectadores. O
leitor não pode ter o pudor de se declarar egoísta, mas deve saber a hora de
parar para escutar quem pede sua atenção. Importante fechar o livro sem
aparentar que faz uma concessão, mas não deixar dúvidas que é apenas uma pausa,
e quanto mais curta melhor.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
Medo
A verdade é que não quero a morte. Menos a dos meus queridos
que a minha. Tenho medo de sofrer, sentir a ausência do consolo amigo, da
alegria do companheiro, do morno abraço que acalenta a solidão. Por vezes, não
poucas, me pego imaginando, antevendo os prólogos de minha despedida, tentando
em vão experimentar sua inefável sensação. Enquanto ela não chega sigo sem
pressa, colhendo funerais e empilhando saudades no meu pobre e pulsante
coração.
sábado, 1 de dezembro de 2012
Questão de Gosto
Quase nunca
sei o que digo.
Quase nunca
digo o que sei.
Acredito
mais na dor
Que na
morte,
Mais no
labor
Do que na
sorte.
Mais no
choro
Que no
sofrer,
Mais na dor
Do que no
querer.
Mais no sexo
Do que no
beijo,
Mais no
feijão
Do que no
queijo.
Mais no
sofrer
Que no
fingir,
Mais na
porrada
Que no
mentir.
Mais na
torrada
Do que no pão,
Mais na
caipirinha
Que no
limão.
Mais na
harmonia
Que na canção,
Mais na
tristeza
Que na
solidão.
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
Chuva de Verão
O sol que tem nascido mais cedo prenunciando o verão não
aquece o frio de minha angústia.
As nuvens que encobrem impudicamente o astro rei não passeiam
faceiras para meu deleite.
Os pingos que escapam sorrateiras de sua algodonosa moradia
não regam minha esperança.
Até mesmo o azul límpido e imaculado do céu não oferece a paz
que preciso.
A natureza segue indiferente à minha dor. É sua maneira de me
fazer parte dela.
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Vento da Noite
O vento frio,
Prenúncio da noite,
Me congela o por vir
E faz tremer o coração:
Trrrrrrrrum-Trrrrrrrra,
Trrrrrrrrum-Trrrrrrrra.
Saudade dos meus claros dias
Medo insensato da escuridão.
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Vida Imperfeita
Nenhuma vida é perfeita, isenta
de problemas. A felicidade não implica necessariamente no monopólio da solução.
Muitas equações deságuam no abismo da incerteza e da desilusão. O mais feliz
dos homens deixou muita cabeça de dedos nas pedras que topou e arrancou muito
cabelo no desespero de saudade pelos entes queridos que perdeu. Se as feridas
são inevitáveis, as cicatrizes fazem a diferença...
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Entre Amigos.
Há momentos raros que valem por
toda uma vida. Um muito especial é quando me descubro só entre meus amigos. Fico calado, escutando sem ouvir o que falam de mim. Meu
sorriso é apenas um esboço, impressão tímida de carimbo sem tinta. Sinto uma
imensa paz, não identifico nem personalizo nada ao meu redor. A vida não me
conhece. Nada me aflige, não tenho desejos, nem mesmo que aquele momento se perpetue.
Não sinto amor ou ódio por quem esta do meu lado. Não estou em guarda,
desconheço a ameaça.
O
retorno à realidade é sem remorso ou dor. A consciência porém traz-me o desejo,
a esperança e a angústia da espera pelo próximo momento de felicidade. Mesmo
assim, entro no purgatório com o coração justo, sem pecados. (Texto escrito em 09.12.05 após uma tarde no Aquaville com os amigos de sempre).
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Divagações atemporais
A felicidade existe somente na
lembrança. Somos seres insatisfeitos com o presente, desiludidos com o futuro e
saudosos do passado. Tudo hoje é pior do
que no “nosso tempo”. Certamente porque “naquele tempo” ficou perdida nossa
juventude, nossa ânsia de crescer e descobrir o que se passa do outro lado da
porta trancada, de viver sem medo de errar. Só ao jovem é dado o direito de
errar. Ao adulto ficou o de lembrar. O tempo é nosso inimigo. Ele mata a nossa
inocência e enche de culpa a nossa consciência. O tempo, via de mão única para
a morte, é pai carrasco, porém imparcial. Lembramos para esquecer os sonhos que
se perderam num casamento mal feito, numa profissão mal escolhida, num círculo
de amizade mal arregimentado. Colhemos as más escolhas, e deixamos as boas no
solo fértil da memória. Tudo antes era
bom porque já passou e nós resistimos, escapamos com feridas que bem ou mal
cicatrizaram. Tudo agora é tão real
que mal podemos tolerar a dor desta verdade. O que será é impossível de imaginarmos porque perdemos a capacidade de
fazê-lo. ( Inspirado em “O Cantor de Tango”. 31.01.05
sábado, 17 de novembro de 2012
Desespero
O carro não pegou. A bateria vinha
dando sinais de falência há bom par de dias. Botei a mochila nas costas e saí
andando. A noite estava agradavelmente fresca e uma lua nova riscava o poente
já muito esquecido do sol. Tomei aquele rumo, guiado pela Dalva, sem intenção
de destino. Senti sede e nenhuma porta aberta. Um leve rumor distante guiou-me
os passos. A boca se encheu de saliva espessa que desceu com um espasmo de dor. Abandonado pela consciência, senti o vazio
tomar conta da própria noção do existir. Sentei ao pé da porta. A eternidade
daquela espera não passaria de um átimo de
desespero.
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Possível Radical
Se tudo
Me fosse permitido
Eu partiria feliz
Rumo ao desconhecido.
Me entregaria
Ao balanço do mar
Mesmo sob forte
Tempestade.
Me esqueceria
De tudo que sei
Pelo prazer de
Aprender de novo.
Me deitaria numa rede
Bem branca e ficaria
Esperando a chuva
Passar.
Me arremessaria
Em infinito abismo
Só para saber
Que sou capaz de voar.
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Equilíbrio
Conheço três tipos de pessoas. As mais racionais, as mais emocionais e as equilibradas. Cinquenta por cento fazem parte do primeiro grupo e a outra metade do segundo.
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Caminho do Meio
Não lembro os meus sonhos. Um segundo após o despertar é
suficiente para perdê-los da memória. Devo ser escravo da realidade, o que me
coloca no caminho estreito do meio, onde teimo em encontrar razões para fatos e
procedimentos. Já fui acusado de murista, de inocente idealista e até de
anarquista. Aceitei esses adjetivos até com certa simpatia e reconhecendo-os
bastante plausíveis. Só refuto a de arrogante. Se tenho opiniões elas nasceram
do pouco que vi e sei, mas nunca quis ser dono da verdade e entendo que cada um
pensa como quer e pode.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Reclamação
Porque não foi assim
Que eu quis.
Não assinei nenhum contrato,
Nem fui fiador
De compra fútil.
Não implorei
Vitória plena,
Nem rezei
Pelo fim da dor.
Pedi, sem fé, o pão
Que me saciasse
A fome do mero viver.
Pedi enfim
Por uma verdade
Que preenchesse,
Mesmo pela metade,
Uma singela ilusão de não saber.
domingo, 7 de outubro de 2012
Elegância às escuras
-
Epa
!
-
Desculpa,
eu não lhe vi.
-
Perdão,
eu não vi que você não me viu.
(Dois
cegos nunca brigam)
26/06/03
sábado, 6 de outubro de 2012
Resurreição.
Enterrei meu amor em cova
rasa.
Quando é lua cheia
E o vento sopra nas folhas
secas
Uma música tímida e quieta,
Ele se desterra
E vaga solto pelas voltas
De teu corpo.
18.09.08
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Pássaro Nu
Sou homem nu.
Nada visto
que esconda
Meu vero
querer ou pensar.
Sou simples
como um pássaro
Que voa
sereno
Cúmplice do
ar.
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Serena _ Sweet Tooth
Quem já leu outras obras de Ian McEwan vai se decepcionar um
pouco com este livro lançado mundialmente aqui no Brasil durante a FLIP. Serena
foi o livro que levei para a viagem, primeiramente por se passar em Londres e
por ter a esperança de uma leitura magnética que me prendesse e mantivesse
ocupado durante as longas insones jornadas intercontinentais, as madrugadas
costumeiras esperando a amada acordar para mais um dia de visitações turísticas
e para os programados percursos ferroviários entre Londres Amsterdã e Bruxelas.
Encontrei um exemplar em capa dura e assinatura, muito estranha por sinal, do
autor em uma livraria do Canden e não pude resistir em comprá-lo apesar de ter
plena convicção de que meu parco domínio do inglês é insuficiente para
encará-lo honestamente. O que me impressionou foi o intenso trabalho de pesquisa
que Ian deve ter feito para contar a
história da linda candidata a espiã inglesa no início da década de 1970, quando
a preocupação com a guerra fria estava nos seus estertores finais e a
Inglaterra estava vivendo uma época difícil de sua luta com o IRA. Para quem
nunca leu o autor aconselho experimentar Reparação ou Sábado e quem sabe, tomando
gosto por sua literatura, decida tirar suas próprias conclusões sobre “Sweet
Tooth”, título inglês original de Serena.
sábado, 22 de setembro de 2012
Num próximo encontro
Num próximo
encontro
Divide
comigo
Seu sorriso;
Finge que
Precisa
De abrigo.
Me ilude;
Diz que sou
Tua solução.
terça-feira, 4 de setembro de 2012
O dia que chega
O dia sempre chega.
O dia do sonho
E o do temor,
O dia do ódio
E o do amor,
O dia do frio
E o do calor,
O dia do encontro
E o do adeus,
O dia de chegar
E o de partir,
O dia do brilho
E o da escuridão,
O dia da vingança
E o do perdão,
O dia de dar
E o de receber,
O dia de ganhar
E o de perder,
O dia de lembrar
E o de esquecer,
O dia do azar
E o outro da sorte,
O dia que nasce no sul
E o que se faz noite no norte.
03 e 04.09.12
domingo, 2 de setembro de 2012
Paz do João Ninguém
Fujamos para
a lua,
Para o sol,
Para o céu,
além.
No rumo
incerto
Da
felicidade
Encontremos
ao menos paz
Onde sejamos
ninguém.
25.05.12
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Civilidade e Elegância.
A civilidade se mede pelo tempo que não se rouba e a elegância pelo tempo que se concede.
terça-feira, 21 de agosto de 2012
Conselheiro
Sentado na pedra fria
Escuto o mar me falar:
- Vou, não vou;
- Vou, não vou.
Dúvida cruel de amor.
28.10.03
terça-feira, 14 de agosto de 2012
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
Sou José
Boa Noite,
Sou José:
Que dorme em cama macia,
Mas adora assistir a vida
De um banco de praça.
Adora tomar cerveja,
Mas não foge da cachaça.
Que em muito pouco acredita,
Mas vive cheio
De graça.
Que teme a violência,
Mas não usa carapaça.
Não tolera
Opinião dogmática,
Pois ao mundo
Inteiro abraça.
Boa Noite,
Sou José:
Aquele que vive caindo,
Mas logo se põe em pé.
Que desconhece
O destino
Mas chega onde quiser.
Que vive
A base de carinho
E do amor
De uma linda mulher.
2011
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Pensando Alto
Desconfio de
que a felicidade está mais perto de quem luta muito pela vida e pouco contra a
morte.
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
Nada é para sempre
Porque nada é para sempre
Nem tudo é muito pouco.
Porque ninguém tem a verdade
E cada um tem sua razão.
Porque muitos são os caminhos
Quase nenhum de linha reta.
Porque ninguém nasce sozinho
E cada um esconde sua solidão.
sábado, 28 de julho de 2012
Superfície
Não sou profundo.
Habito a superfície
Que o sol do meu
Querer banha,
E me refastelo.
Renego os argumentos
Profundos e prolixos.
Sei o que é bom
Para mim e não julgo
O alheio pelo seu mau gosto.
Apenas respiro;
Sobrevivo boiando
Entre uma onda e outra
Aproveitando o balanço
Que delicia e embriaga.
domingo, 15 de julho de 2012
Inveja Idiossincrática
Não invejo a felicidade alheia, mas desconfio de quem diz não
invejar a minha.
sábado, 14 de julho de 2012
quarta-feira, 11 de julho de 2012
Duas Normas
Todos reclamam
Da Norma.
Não da bela
Fêmea que desfila
Faceira pela praia
Da vida,
E que se vira
Ao ouvir este nome,
Mas a da regra
Da insaborosa rotina,
Do mesmo e constante embalo
Que move o dia a dia.
Todos porém
Se enraivecem
Quando a Norma
É quebrada,
A rotina é rompida
E o inusitado
Corrompe o
Manso e tranquilo lago
Do cotidiano.
segunda-feira, 9 de julho de 2012
Brincando com a Lógica
Gosto de
brincar
Com a
lógica,
Trocando-a
vez ou outra.
Assim não fujo
da rotina
Deixando a
vida meio louca.
quinta-feira, 5 de julho de 2012
sábado, 30 de junho de 2012
O amor faz falta
O amor faz
falta
Numa
madrugada
Que se
insinua,
Numa manhã
De preguiça;
Numa tarde
De céu sem
nuvem,
Numa noite
de lua nua.
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Novo Começo
Não temo a morte
Por saber que
A mereço.
Chego mesmo
A vislumbrar
Um passado
Sem meu berço.
Por isso
Caminho bem lento
Sem pressa de chegar.
Cada passo
Um novo começo.
sábado, 23 de junho de 2012
Barba Mal Feita
A madrugada entrava silenciosa e fria pela fresta da cortina
quando um suspiro mais profundo anunciou seu despertar. De início, ainda cheia
de torpor, foi ganhando, num rito já conhecido, pequenos movimentos do corpo,
passando pelo hálito morno do beijo até se consumar no ato concreto do amor.
Liberta da languidez do gozo, começou a passar a mão nos pelos que brotavam na
barba matutina. Cheia de carinho resignado disse que a havia machucado um
pouco. Menos do que uma reclamação era o início de uma despedida.
sexta-feira, 22 de junho de 2012
Pensando Alto
Duro não é desconfiar que tudo poderia ser diferente, mas ter a certeza de que nada deveria ser igual.
quarta-feira, 20 de junho de 2012
Defunto Grande
O
lençol é pequeno para o tamanho do homem. Passeando por seu comprimento, uma
mulher puxa o lençol e lhe cobre o rosto. Outra, com asco do pé esfolado, puxa
o lençol e descobre o rosto deformado pela bala. Alguém sugere que dobrem suas
pernas como única maneira de esconder tamanha desgraceira, mas uma voz cheia de
juízo avisa que não podem bulir com o corpo antes da perícia chegar.
sábado, 16 de junho de 2012
Dia dos Namorados
A
maioria dos casais de amigos conhecidos trocava presentes no dia 12 de Junho.
Doce ilusão dos “eternos namorados”.
Com
ele era diferente. Combinara com a mulher que não sucumbiriam ao apelo
consumista de um mercado capitalista explorador do sentimentalismo cristão e
ocidental de uma sociedade hipócrita e conservadora. Há quinze anos viviam alheios
a este tipo de ilusão. Tinham uma união baseada no respeito mútuo; um amor
maduro e sólido, sem brechas para pieguices.
Entretanto
ultimamente vinha notando pequenas diferenças nas atitudes da companheira. O
banho mais demorado, um apuro a mais no vestir, mais carinhosa, solta e
desinibida na cama.
Decidiu,
racionalmente, não criar aquela pulga atrás da orelha e inquiriu-a. “É o tesão
pelo meu maridinho que aumentou”, ouviu cheio de satisfação e orgulho.
Ontem,
vasculhando seu guarda-roupa em busca de um sabonete, deu de cara com o pacote.
Pelo formato devia ser uma caneta. Não é que ela iria fazer-lhe uma surpresa. O
espanto inicial foi substituído pela decepção do pacto ideológico ultrajado.
Ela sucumbira ao capitalismo e ao sentimentalismo piegas. Deixou a caixa no
lugar com a mente ocupada pela dúvida. Retribuir ou não o presente. Dormiu mal
aquela noite, pensando no que daria para ela, tarefa mais que difícil depois de
tantos anos de abstinência. No trabalho os colegas só falavam da programação
para a noite. Presentes, flores, jantares, motel. E ele de lado, indiferente
por fora e um turbilhão por dentro. Como a mulher podia ter feito uma coisa daquela
com ele? Resolveu sair mais cedo e olhar as vitrines no shopping. Rodou, rodou,
rodou e nada. Tudo lhe parecia tão supérfluo. As lojas enfeitadas de corações, os
mesmos jargões adocicados repetidos ano após ano, as vendedoras solícitas e
sorridentes perguntando: “É presente pra namorada?”. “Não, é pra sua avó”, a
resposta impaciente calava na ponta da língua.
Não,
não e não. Aquilo não podia estar acontecendo com ele, um baluarte da
racionalidade, o inimigo número um do consumismo. Entrou na livraria, escolheu
o recém-lançado livro do Rubem Fonseca, que recebera uma ótima crítica, e
resolveu o problema.
Chegandoa
casa, tomou um banho demorado. Ligou pro Tele Entrega da Pizza Hut e fez o
pedido. “Vai demorar cerca de uma hora senhor, temos muitas entregas esta
noite”, avisou a moça do outro lado da linha. Abriu uma garrafa de um tinto
português e ficou bebendo enquanto punha a mesa.
Ela
chegou mais tarde que o costume. Deu um gole no vinho e foi para o banho. Botou
um vestido de casa.
-
Já jantou?
-
Pedi uma pizza
pra nós, respondeu mostrando a mesa posta.
Sentou-se
languidamente no colo do amado. O beijo de língua foi interrompido pela
campainha do interfone.
Retirou
a mesa e guardou os pedaços restantes na geladeira bebendo devagar a última
taça do vinho dando o tempo que ela pediu para se preparar.
Acordou
já claro com uma pequena dor de cabeça. Lembrou que não lhe dera o livro, mas
relaxou porque ela também esquecera o dele. Tomou banho e uma xícara de café. Antes de
sair deixou o livro na cabeceira da bela e adormecida princesa. Ao meio-dia
recebeu um telefonema dela convidando-o para almoçar. Chegou ao restaurante
antes do combinado. Estava no segundo chope quando ela chegou toda sorrisos.
-
Rompeu o nosso
pacto né. Essa você me paga! Mesmo atrasada: Feliz dia dos Namorados querido, e
passou-lhe o pacote que ele abriu bem devagar, sem rasgar o papel.
terça-feira, 12 de junho de 2012
Elegendo o Amor
Perdido na zona do desejo,
Entrei na seção dos desesperados.
Eros pediu minha identificação
E procurou meu nome na
Lista dos apaixonados.
Entrei na cabine do livre arbítrio
E procurei o amor entre
As múltiplas possibilidades.
Foi quando vislumbrei tua imagem
E confirmando no verde sim
Te elegi a minha felicidade.
sábado, 9 de junho de 2012
Alma Faminta
Minha alma
Pede um verso
E meu corpo
Um manjar.
Sigo solto
Sem rumo certo
Sem questões
A me inquietar.
Habito um mundo
Nem feio ou belo.
Chão onde durmo
Banhado ao luar.
Esqueço sem dó
Todos os sonhos
Quando um raio de sol
Vem me acordar.
Respiro a dura
E negra fumaça.
Divido com todos
O mesmo impróprio ar.
Cantar por cantar
Sorrir por sorrir
Jeito simples de viver
Sem parar para perguntar.
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Espaço x Tempo
Se o espaço é a dimensão da certeza
Desenhada com as linhas
Precisas das coordenadas;
O tempo é fera de pura beleza
Sem jaula que o contenha,
Quando o tudo pode ser nada.
sábado, 2 de junho de 2012
Habitante do Amor
Habito o
espaço
Entre o meu
E o teu
corpo.
Refém do teu
sabor
E
prisioneiro do teu cheiro
Morro a cada
gozo
Para
renascer inteiro.
quarta-feira, 30 de maio de 2012
Carona
Parei bem colado a bunda e ofereci carona. Antes que a moça
dissesse qualquer coisa, concordante ou indignada, o dono veio correndo
defender a propriedade.
- Que é que tu quer com a minha mulher, f.d.p?
Pedi calma, abri os braços, sorri amarelo, enruguei a
testa, atropelei a língua e disse que só havia oferecido carona para a senhora.
De qualquer forma pedia desculpas pelo ultraje. Ele titubeou e eu entrei. Isso
acontece com qualquer um, ele devia saber como são os homens, sempre dispostos
a agradar as mulheres.
- Mulher minha ninguém agrada não, retrucou.
Como podia saber que a beldade era descompromissada. Só
respondi ao apelo conquistatório de todo macho diante da fêmea que dá bola,
expliquei. Dessa vez foi ela que ficou uma fera. Dividida entre mim e o outro, tagarelava,
negava veementemente que tinha dado bola coisa nenhuma e...
Não esperei mais, arranquei o carro e fui. Pelo retrovisor
vi a tapa comendo de esmola.
2007
terça-feira, 29 de maio de 2012
Consciência Bandida
O Baluarte da Moralidade, Excelentíssimo Senador da República Demóstenes Torres reconhece ter viajado em jatinhos de empresários, ter intermediado emprego para amiga junto ao futuro presidenciável Aércio Neves e ter recebido Celular Rádio Nextel com conta mensal paga pelo Cachoeira, seu amigo pessoal que ele não sabia ser contraventor do jogo ilegal. Será que vai ser cassado somente por essas besteirinhas? Tô com uma peninha danada por ele não estar dormindo direito. Será que bandido tem dor na consciência???
Apaixonadamente
Uma vida sem paixão é como uma página em branco. É vazio e
sem cor, mas carece de pranto. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
A paixão já nasce pronta;
o amor a gente monta.
sábado, 26 de maio de 2012
Tentando Chorar
Tentei.
Juro que busquei
Todas as mágoas escondidas no
peito,
Mas não consegui chorar.
Sentei na varanda
Diante das estrelas
Que não brilhavam no céu de
cidade:
Buracos negros de minha alma.
Tentei,
Franzi a testa,
Contorci a boca,
Bebi um gole do uisque
revelador,
Mas a lágrima não veio.
Por pura teimosia
Não ratificou meu rosto de
sofredor.
É certo
Que ainda posso chorar.
Me emociono
Com as pequenas coisas
(o sorriso banguelo
do bebê sem bico)
E com as grandes
(a mão do pai que treme
ao segurar a mão inerte do
filho).
Só não choro pela
Dor que teima em
Pulsar no meu peito.
Dor que rasga
Sem sangrar.
Dor que não descansa
Nem trabalha.
Dor que é filha da dúvida.
Dor que já nasceu fantasma.
01.02.05
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