quinta-feira, 30 de abril de 2020

Esquerda Propositiva.

Ser de esquerda não é sinônimo de comunista, vai muito além de ser petista ou lulista, e passa longe de lutar contra a moral e os bons costumes.  

Ser de esquerda é:

Entender os problemas do Capitalismo e tentar encontrar caminhos mais rápidos e seguros em busca de uma menor desigualdade social. O Ideal Comunista oferece embasamento teórico para muitas discussões, mas não é um objetivo real.   

Reconhecer que o Petismo e o Lulismo foram apenas um degrau na escada da ascensão de um governo realmente dirigido aos mais pobres. Os avanços não podem ser esquecidos, e os muitos erros devem ser corrigidos, mas ficou muito aquém do esperado, particularmente na quase ausência de combate ao Capitalismo Financeiro. 

Discutir os temas morais e comportamentais da sociedade a luz da estatística, da ciência e do respeito às individualidades. Os direitos humanos precisam ser preservados e vistos sob a ótica da nossa contemporaneidade. 

Ass: Esquerda Propositiva do Brasil. 





quarta-feira, 29 de abril de 2020

Sinceridade Messiânica

A sinceridade é sem dúvida a maior qualidade do atual ocupante do Alvorada. Já ouvi alguém chamá-lo de "sincerão", e como negar este adjetivo? É notório que muitos de seus asseclas o adoram exatamente por isso mesmo, e quem pode dizer que estão errados?  Bolsonaro é adorado por ser e dizer o que nenhum politico é ou diz. Ele é deselegante, não mede as palavras, não esconde o que realmente pensa. Jamais se daria bem numa carreira diplomática, e é isso que faz vibrar as cabeças de seus seguidores. Ele é honesto ao dizer que quem manda é ele, que usou verba para antropofagicamente "comer gente", e tantas verdades tão difusamente propaladas que seria inútil enumerar. Trump, lá pelas terras temperadas do norte, faz o mesmo. Será que estamos vivenciando o início da era da sinceridade? Torço "sinceramente" para que assim seja. Seria muito bom e proveitoso se respondêssemos tudo na lata, sem pensar, deixando falar nosso instinto selvagem? O domínio do ID sobre o Superego, da natureza sobre a civilidade? Não tenho resposta nem como negar: o cara é sincero, diz o que pensa, demora para perceber que falou o que nenhum representante do país, e não de seus fãs, deve dizer. Mas como se prende uma língua sem papas? A alma pura não admite as amarras da hipocrisia. Quem nunca ouviu uma criança falar impropriedades contra a etiqueta social? Quem poderia ressuscitar mais de cinco mil mortos, quando o verdadeiro Messias só trouxe um Lázaro do reino do mortos? Todos somos mortais e nada podemos fazer contra esta realidade. E porque não dizemos isso ao nosso amigo que perdeu seu ente querido? Será que é por empatia, a faculdade de dividir a dor do e com o outro? Dizem que a maior característica dos psicopatas é a falta de empatia, mas vou deixar essa análise para os psicólogos e psiquiatras. O certo é que Jair sempre foi sincero, mas nem sempre foi acreditado. Ele disse, com toda a sinceridade que lhe é peculiar, que não estava preparado para presidir este país. Infelizmente os muitos que desta vez não  creram nele foram em maior número do que os que já sabiam.  

IDIOTAS

Os gregos chamavam os que se excluíam da vida pública, aqueles que só se importavam com sua própria vida privada, de IDIOTAS. Embora a palavra tenha tomado caminho diverso, no sentido de encontrar no mundo moderno a definição de quem é desprovido de inteligência, podemos sem dificuldade estabelecer a conexão entre os dois significados, quando constatamos que os antípodas do homem politico ganham contorno prático em seres, senão desprovidos, que pelo menos têm desprezo pelo conhecimento. Os mesmos idiotas da antiga Grécia que se escondiam do debate político e da discussão dialética das questões que interessam a todos , reencanaram nos homens sem capacidade analítica de procurar as partes que compõe o todo para só então lhes dar um significado sintético, quase nunca em forma de certezas, mas de possibilidades. O atual desamor pela POLÍTICA torna o cidadão idiotizado, refém de seus preconceitos, prisioneiro do discurso da negação, incapaz de construir ou pelo menos fazer uma proposição que não seja destruir o que julga seu inimigo. Negar a Política em nome da certeza de que tudo que é público é fonte inexorável de corrupção, é mergulhar no abismo do impossível, é ser se perder no calabouço resignante da "A Vida é assim mesmo", prisão de todos os IDIOTAS.  

terça-feira, 28 de abril de 2020

Fake ou Não Fake, Eis a Questão.

Eu acredito que o céu é azul, 
desde que não esteja chovendo.

Creio que a Terra é redonda,
desde que não me dê uma volta no juízo.

Chamo a luz de energia, 
desde que não me apaguem a lâmpada.

Crer é viver,
é ensinar, pelo convencimento,
que só podemos ver o que já
deveria existir antes mesmo
da gente pensar.

Deve ser fake, 
mas eu acredito.  

sábado, 25 de abril de 2020

Arrependimento.

Cedo ou tarde, bem ou mal, os capítulos têm fim. Alguns vão rir, outros se espantarão. Uns ficarão indiferentes, dirão que não sabiam, e nunca tiveram ídolos, mas o que falar dos que se arrependerão?  O arrependimento é uma forma de pedir perdão. Sem ele a súplica fica sem sentido, pois não conta com a sinceridade, fator indispensável nesta equação. Mas isso basta para que o perdão seja concedido? No mundo espiritual é certo que sim, pois só no metafísico podemos, paradoxalmente, julgar a realidade "orgânica" do arrependimento. A lei dos homens porém é dura  e nenhum pecado pode ser tratado sem a correspondente e real punição. Os erros não são escritos a lápis e não contam com a ajuda da borracha. Os borrões ficam e enfeiam as páginas dos cadernos de nossa história. Dormir não foi tarefa fácil para muitos brasileiros na noite de ontem. E eu não vou distribuir chá de Camomila ou de Maracujá a seu ninguém. Cada um que engula seu arrependimento e reavalie suas posições. Resta a muitos o consolo do esquecimento que só o juiz tempo pode conceder.   

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Ter ou Ser.

Lampedusa já denunciou que os homens que ditam os rumos do mundo cedem um pouco para poderem se manter no poder. Mas mudam. A história nos conta que o poder do trabalhador, do homem comum, sempre cresceu após as pandemias dos séculos passados. A diminuição do excedente de mão de obra obrigou, pela lei do mercado, o dono do capital produtivo a se render ao capital trabalho. O novo Corona não provocará a mortalidade de 1/3 da população como outros vírus fizeram em outras oportunidades, mas a perspectiva real do aparecimento de um próximo e até possivelmente mais letal vírus, impõe que a lógica econômica da globalização, e sua consequente perda do poder dos Estados de promover ações contra os desastres, bem como a acumulação de riqueza nas mãos de tão poucos, o que diminui ainda mais as defesas contra aquelas mesmas crises, impõe que a lógica neoliberal seja questionada em sua própria razão de ser, que é a multiplicação do capital não produtivo. Por isso, e só por isso, acredito em mudanças. Esse modelo neoliberal não é mais capaz de produzir riqueza, e riqueza é Ter. Não acredito que este seja um Comunavirus, delírio até bem argumentado( eu li o artigo por inteiro) por um dos paranoicos de plantão, e nem que o homem enfim se rendará ao valor do SER. As mudanças virão pelas imposições econômicas e não ideológicas. Isso não impede que cada um de nós se descubra um novo ser. O primeiro passo pode ser o alargamento do nosso pensamento. Fortalecer nossas razões ao assimilar os motivos dos outros. Será vencedor quem sair diferente dessa grave crise.  

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Pedros, Álvaros e Cabrais.

Pense num desprestigiado esse tal de Cabral! Se não fosse pelo Pedro, nome mais que forte, pedra fundamental da Igreja Cristã e de tantas outras edificações, nem eu teria lembrado daquele Álvaro, personagem histórica renegada por milhões de brasileiros e portugueses. Mas ele foi Pedro e como alicerce deve ser resgatado. Poucos teriam a coragem que ele teve de se desviar da rota habitual para as Índias e se deixar  levar pelo vento do leste buscando um desconhecido Novo Oeste. E ele chegou aqui, e se deslumbrou com a exuberância da floresta e com a sexualidade nada reprimida dos seus belos habitantes a quem chamou índios, numa desfaçatez digna de muito político que ainda desfila por aí, trocando bugigangas por voto. Não conheço o regimento da corte imperial portuguesa da época, mas imagino que Cabral tenha sido condenado ao ostracismo após ser acusado de crime contra o decoro da verdade. Ou pode ter sido usado como bode expiatório de um conluio para burlar a Espanha de suas recentes descobertas. O fato é que estamos aqui, em pleno 22 de Abril, e não ouvi falar daquele Pedro e isso me deixa intrigado, para não dizer triste. Um nome tão forte, que teria dado ao filho homem que não tive, ser esquecido, banido da nossa história como simples coadjuvante de um novela que ninguém assiste. Quantas outras pedras mais virarão restolhos, britas a tapar buracos, esconder verdades por detrás do muro da história mal contada?  

terça-feira, 21 de abril de 2020

Diáspora

A Diáspora que se insinuou em 2018 ganhou contornos definitivos em 2020, sob o patrocínio de uma entidade sem vida e sem autonomia, que extrai do hospedeiro sua capacidade de reprodução e perpetuação. Devemos nos aproveitar do distanciamento imposto para nos distanciarmos definitivamente de tudo que nos vem fazendo mal. A hora do consenso tem de ser superada. Não há mais espaço para propostas contemporizadoras, repletas de meias palavras, tímidas pelo medo de serem mal entendidas, parcimoniosas pelo respeito a diplomacia. A hora é de guerra contra quem nunca usou de escrúpulo. Chegou o momento de nos desnudarmos, nos impor e usar as mesmas armas do inimigo. Sim, INIMIGOS!!! Por que esconder que somos diferentes e ocupamos o campo oposto do campo de batalha. Vamos invadir as praias do retrocesso, quebrar os muros dos preconceitos, falar mais alto que os dogmas. Se não sairmos diferentes desse 2020 nos condenaremos a ser meros fantoches da história, meninos que se contentam com o o pirulito de água e açúcar cristalizado de todo dia, platéia de auditório que aplaude a um sinal de comando. Alimentemos a fera dentro de nós. Se de dentro da jaula do isolamento já podemos fazer um barulho danado, imagina quando as portas se abrirem. 

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Globeleza

Não há como divinizar nem demonizar a Globo ou qualquer outro meio de comunicação. Eles tem seu papel e seu objetivo ideológico, assim como todos temos. Eu desconfio que a Globo serve ao capital financeiro neoliberal do qual ela faz parte, do qual discordo literalmente. Mas não posso negar a qualidade da sua programação, dos seus repórteres e comentaristas, alguns destes com ideologia contrária a de seu empregador, num sinal de que na busca pelo Ibope é necessário ceder, mesmo que um pouco, espaço ao contraditório . Quando nos prendemos ao sectarismo ideológico, basta uma gota contra nossa pretensa verdade para amarrarmos tudo no saco do dogmatismo e jogarmos tudo no lixo. Com essa atitude não aproveitamos o lado bom de quase tudo e abdicamos de nossa capacidade crítica em nome de uma arrogância desconstrutiva, por não admitir dúvida, nem o contraditório. Fechando os olhos ao suposto "inimigo" nos fragilizamos pelo não reconhecimento do poder de suas armas e por perdermos a oportunidade de ampliar os nossos horizontes. E é preciso ir muito além do horizonte se quisermos um lugar ao sol. 

domingo, 19 de abril de 2020

AI5

Só há duas maneiras de impor uma verdade aos outros. A primeira é atravéz da Democracia, o poder natural do desejo da maioria de se sobrepor a vontade da minoria. Mesmo assim, a minoria não pode ser esquecida ou simplesmente calada. Uma oposição crítica e atuante é indispensável na fiscalização de quem está temporariamente, pelo voto da maioria, no poder. A outra maneira é atravéz da Ditadura, do rompimento com o compromisso democrático. A imposição pela força e pelo terror da vontade de alguns sobre todos. Quando assistimos uma minoria euforica exigir uma intervencao ditatorial sobre a nação, claramente fora de qualquer contexto histórico possível, pensamos estar diante de uma peça teatral bufa e quase pitoresca, se não fosse tão ridícula. 

Aos Arrependidos.

Peço venia, mas não consigo, de antemão,  entender a razão para se ter feito uma escolha pelo que representa o avesso da boa e imprescindível política. Só quem forma seu entendimento baseado na informação da mídia e em alguma má experiência pessoal, ou em qualquer outra coisa que não passe por uma análise profunda e crítica dos meandros econômicos e políticos, pode justificar seu voto em um desde sempre reconhecidamente despreparado candidato. Mesmo entendendo que todos tem o direito de errar, e quem não erra?, não há como não exigir a responsabilidade de cada um que colocou com seu voto um "idiota inutil" a frente do governo desse imenso e triste pais. Mas nunca é tarde para "cair na real". Resta a esperança de que na vindoura oportunidade, quem se entregou ao reativisto do simplesmente ser contra, possa assumir uma atitude mais ativa do ser a favor de algo que não seja a desconstrução dos ideais republicanos. Viva a boa política, viva o leal debate, viva as construtivas discordâncias, viva os puros ideais. Aos sempre cegos ofereço a indiferença, aos arrependidos eu peço luz. 

sábado, 18 de abril de 2020

Mãeeeeeee

- Mãe, tô com medo da prova!!!

- Inventa uma dor de barriga e vai pra segunda chamada.

- Mãe, não sei fazer essa conta!!!

- Pede o filho da Dona Guida pra te ensinar.

- Mãe, tão dizendo que eu sou Burro.

- É só espalhar que todo mundo é lixo.

- Mãe, não gosto de suco de laranja.

- Toma esse de Milincia.

- Mãe, o João Maneta faz mais gol que eu.

- Esconde a bola e acaba o jogo menino.

- Mãe, ninguém gosta de mim!!!

- Tu escondeu minha panela de novo, foi?








Piramide Social

As ficções nascem das nossas incertezas e por vezes se tornam realidades, pelo menos para uns tantos. Dos altos das varandas uns não percebem, ou insistem em negar, as microscópicas partículas que modificam nosso código genético em diferentes dimensões, chegando em alguns casos ao extermínio do hospedeiro, uma espécie de suicídio coo participativo. É só descer alguns degraus para perceber que não somos  mais os filhos vacinados, protegidos contra todos os perigos, imunizados contra a dor e o medo. Mas não nos prendamos a realidade. O possível é bem maior e mais amplo que os ditos fatos. E a incerteza do amanhã é o que nos move, com ou sem o amparo de um tutor. A chuva voltou e lembro dos que habitam o alicerce, submundo da experiência humana. A esses desamparados e esquecidos da sociedade não foi dado o direito de acreditar ou não nesta ou qualquer outro ameaça. Eles, que não contam sequer com o amparo de um inumano CPF, só aguardam, pois talvez nem sonhem, o fim de sua imortalidade.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Tira Mancha

Dom Quixote "É a mancha" renasceu justo aqui, no paraíso tropical dos sonhos e da felicidade. "É a mancha", alcunhado de "capitão da triste figura", veio para toldar, enlouquecer mesmo, a superfície que se pretendia transparente, mesmo que ainda longe de atingir a serenidade. "É a mancha", o fantasma da desesperança, ressuscitou do lodo da mediocridade para nos afundar no abismo da ignorância e nas trevas do mundo sem amanhã. "É a mancha" e seus escudeiros, movidos pelo desrespeito  a informação responsável e a fé no conhecimento fundamentado, passeiam teimosamente, rugindo suas rocinantes armas de guerra contra um ideal de parceria solidária entre os humanos. 

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Silêncio Invisivel

Por mais que nos deslumbremos pelo som e pela luz é no escuro e no silêncio onde nos encontramos melhor. É justamente a impraticabilidade desta experiencia, que a coloca no mundo imaginário da esperança, o que tanto maravilha os humanos em sua eterna luta pela paz. Somos construídos na ficção, seres que se reinventam e se transformam ao sabor e guiados pelo tempo. Os computadores mais modernos possibilitam as multitarefas, justamente o que não interessa ao nosso limitado cérebro. O sistema binário entre o "sim e o não" torna as equações simultâneas coisa primária, viável e produtiva. O mesmo não ocorre com nosso cérebro, que trabalha com infinitas variáveis, na dependência, é claro, da quantidade de vivências diferenciadas de cada um. Os que se enraízam mais nas suas experiências tem mais facilidade em contemplar o mundo e se saciar com seu silêncio interior. Para os inquietos o trabalho é mais penoso. A tempestade de impulsos elétricos que procuram uma via de escape para se libertar é intensa e os curtos circuitos constantes levam aos acidentes inevitáveis. Nada mais certo do que se algo pode acontecer, vai acontecer. O tamanho de nossa previdência só diminui a probabilidade de que eles ocorram, mas não os evita. Estamos sempre esbarrando nas coisas, derramando café ou vinho na camisa, furando sinais vermelhos, ultrapassando velocidades, deixando tesouras ao alcance das crianças. O excesso de processamento exigido do nosso limitado cérebro torna nosso dia a dia uma pequena sucessão de descuidos. O que seria das companhias de seguros se todos andassem focados no momento? Não a toa se fala tanto de Meditação. Se enxergar, se entender e se reger dificilmente será alcançado enquanto ficarmos imersos no barulho e na claridade. Ao encontra um cantinho escurinho e sossegado corremos o "perigo" de vislumbrar o que há de humano e melhor em nós. 

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Sem Perdão

Não acredito na culpa, no pecado e consequentemente no perdão. Penso que somos construídos sobre o alicerce de alegrias e mágoas que vão se acumulando na nossa memória. Isto explica a relatividade das nossas reações ao discurso do outro. O que para um é uma grande "besteira", para um outro, dentro de um determinado contexto, e sob certas circunstâncias, pode ser considerado uma grave agressão. Quando se fala olho no olho, não são só as palavras que são levadas em consideração na análise do que é dito. Todo gesto do rosto, das mãos e todo corpo, assim como o tom e altura da voz, são captados por quem ouve e interfere no acaba por ser entendido.  Quando a palavra se apresenta nua e crua, fica mais difícil se analisar a real intenção de quem a escreve. Isso faz da escrita uma arma muito difícil de se usar, a menos que não nos importemos com os estragos que elas possam causar. No mundo inundado pela informação, devemos ter muito cuidado em espalhar palavras sem a devida e cuidadosa reflexão. Quase sempre é melhor calar, mesmo que corramos o risco de sermos taxados de isolados, desengajados e desinformados. 

terça-feira, 14 de abril de 2020

Festa no Interior

Assisto a água correr ligeira no céu da minha sede. Segue sem rumo certo, ao sabor do guia vento. Nem os meteorologistas saberão onde ela vai cair. Certo não será uma questão de simples escolha, água não pensa e nem quer, mas vai ver ela tem ouvido e se entregará humilde em resposta a prece mais sincera, mais necessitada, mas carente do Divino, pois do mundo não espera quase nada!!!

domingo, 12 de abril de 2020

Távola Redonda

Jair está isolado, digo sozinho com seu séquito de dogmáticos, contra o temível inimigo da esquerda comunista? O medo sempre foi instrumento usado como dominação e controle social das massas, repressão e eliminação do opositor. O medo não é monopólio de nenhum posicionamento político. Todos os ditadores se utilizaram dessa eficiente arma contra o pensamento livre e crítico.  Considerar o capitão expulso do Exercito um ditador seria extrapolar qualquer reflexão minimamente racional. Ele não impõe medo, ele tem medo. Ele é mais um prisioneiro de sua ignorância e infantilidade emocional e cognitiva que um candidato a tirano de um grande e pobre país. Mas voltemos ao medo. Temer é não saber para onde seguir. Estar perdido numa floresta onde um bicho feroz "pode" estar escondido atrás de cada árvore. E o que mais teme nosso "descuidado" presidente? Perder a admiração de seus iguais! Jair, ao vestir a camisa de Messias e escolher doze seguidores fiéis, não ordenou que eles disseminassem seus "ensinamentos" ao resto do mundo. Sua igreja só tem doze bancos. Não precisa de mais ninguém, só não tolera a debandada de um só que seja. Se um Judas o trair ele desata a chorar, se desespera até receber o consolo dos outros onze. Mas ver um banco vazio o enche de medo e a noite ele sonha que de dentro daquele vazio brota um monstro vermelho e desumano. Um monstro que prega a igualdade e Jair não quer ser igual a ninguém. Quer ser o Mito mesmo que só de dez ou nove fiéis. Não esperemos que todos os bancos fiquem desocupados, não vão ficar. Temos que construir um novo templo, sem lugar para ídolos, nem salvadores da pátria. Sugiro o mesmo que o Rei Artur, uma Távola Redonda, onde o espaço democrático seja real, onde cada um tenha a mesma oportunidade de falar sem medo de errar.   

sexta-feira, 10 de abril de 2020

Idiota Inútil

Considerar Bolsonaro um idiota inútil não retira sua faixa presidencial, mas me dá o direito de não me incomodar com suas baboseiras infantis, desde que ele se mantenha, junto com seus amiguinhos, isolados em seu cercadinho de brinquedos. Tenho pedido aos camaradas da esquerda uma postura mais crítica e gabaritada quanto a proposta econômica deste governo que insiste num liberalismo irresponsável e catastrófico na promoção de justiça social. As diferentes proposituras possíveis foram inviabilizadas pela inevitável e inesperada crise econômica decorrente do Novo Corona Vírus. Passado está crise, teremos que nos pôr diante de um cenário inusitado e imprevisível. O candidato a reeleição parece contar com 85% de quem o elegeu em 2018. Dória, ao vestir sua camisa de grife pelo lado avesso, se propõe como um nome ponderado e resoluto contra todo e qualquer inimigo social, seja humano ou viral. Mais uma vez a esquerda marca passo, perdida na indefinição do rumo a tomar. Se o Ceará sair bem dessa Pandemia, poderemos ter em Camilo (ou alguém ainda aposta em Ciro?) uma auspiciosa opção. Mas duvido muito que a direita, desta vez sem palhaços, largue em 2022, o osso que rói na atual realidade nacional.

Rei e reis.

Lembro que chorei quando vi o corpo de braços abertos, sangrando por cinco buracos feitos pela indiferença e desamor dos que ali o colocaram, sem mesmo respeitar a dor de uma mãe. Meio século depois não consigo mais chorar, mas estou longe de ser imune a dor dos que lutam pela fraternidade universal entre os humanos. Desconheço o momento histórico quando a seleção entre mais ou menos hábeis, entre forte e fracos, entre eleitos e eleitores se estabeleceu como verdade aceitável e natural. Quando, como e onde surgiu o primeiro reinado? Um judeu veio anunciar que só há um Rei de verdade e ele não habita o mesmo espaço físico de seu filhos e herdeiros. Mais que natural a reação dos incomodados, pretensos reis, donos de toda riqueza e verdade do mundo? Hoje a figura do Rei é figurativa e os reais dono de quase tudo ocupam outros castelos, mas continuam desprezando a dor dos que sofrem fome e frio. Continuam cegos à tortura moderna que fere e mata sem contato físico algum. As favelas dos morros são os Gólgotas dos nossos dias. O centurião que espetou o peito para constatar se ainda havia vida é o miliciano que distribuí sorrisos cínicos nas ruas estreitas onde sobrevivem milhares de nazarenos. Até quando assistiremos esse martírio?

Sexta Santa

A cadeia alimentar
nos permite provar
de todos os frutos.

Se hoje eu como vaca,
bem ou mal
me valho do capim.

O peixe que ontem
brincou nos mares
hoje é enfeite
em muito jardim.

Duro é ficar
olhando o corpo,
como se fora assado
e não fosse assim.

Não choremos
o vírus derramado,
lembremos entretanto
que tudo tem um fim.

Endêmico x Epidêmico

Tenho visto muitos comentários sobre o número de mortes anuais decorrentes de várias entidades nosológicas e da violência que são esquecidos ou não ocupam tanto a mídia como o Novo Corona. A primeira impressão que me vem é que os autores desses comentários não assistem televisão ou leem jornais. Como explicar a enormidade de programas policiais na nossa mídia e os desesperados apelos por uma vaga em UTI diariamente nos sendo apresentados nos telejornais? Todas os dados são passíveis de interpretação, e nenhum deixa de evidenciar algumas verdades e esconder outras. A diferença entre endêmico e epidêmico se impõe como fator decisivo na interpretação dos dados. O que é endêmico não pode ser minimizado e é combatido em quase silêncio no dia a dia das delegacias e dos hospitais. Mas está muito longe de ser esquecido, principalmente para quem estuda o problema e busca suas soluções. São as epidemias que naturalmente chamam a atenção, pois elas fogem à nossa já triste e cotidiana realidade. As campanhas de vacinas contra o H1N1 ficam sempre aquém dos objetivos dos governos, mas no momento estão faltando pela procura desenfreada pelo nova conjuntura sanitária. As mortes pelo H1N1 continuam acontecendo ano após ano, apesar da vacina e do Tamiflu (O Brasil teve 1109 óbitos em 2019 decorrentes de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) por influenza, segundo o último relatório do Ministério da Saúde), e esse número já foi suplantado pelo Novo Corona em menos de um mês. Espero, mas sem convicção real, que todos passemos a adotar medidas e comportamentos mais responsáveis e necessários para combater futuras ameaças a nossa sobrevivência, sejam virais ou não. E antes de me retirar peço um pouco de reflexão nas análise de todo e qualquer informação. Na dúvida, não compartilhe. 


quinta-feira, 9 de abril de 2020

Cloroquina

Para os náufragos incautos e desesperados que buscam salvamento em barcos cheios de buracos eu sugiro que permaneçam sobre o cuidadoso convés da pesquisa científica. Melhor que pensar em possíveis curas é investir no amor e na união, nos bons hábitos alimentares, na prática moderada de exercícios físicos, no repouso sem exagero, na boa e prazerosa leitura, na meditação, no abraço em quem está no barco com você, no aperfeiçoamento de suas habilidades culinárias, na manutenção do emprego de nossos empregados, nas práticas higiênicas que a gente não tinha antes, no consumo controlado da televisão e tantos outros vícios. Discutir leigamente novas possibilidades de tratamento de qualquer doença traz mais efeitos colaterais que benefícios e serve mais a discussões políticas do que científicas. 

terça-feira, 7 de abril de 2020

Conservadores

É natural à consciência conservadora uma aversão a mudança. Por isso tanto dificuldade em entender o inusitado. O que espanta os especialistas ao se depararem com algo de comportamento inabitual, é tratado como algo corriqueiro, apenas um ponto pouco fora da curva, pelos que consideram que não há, nem deverá haver algo de novo no front. A neurociência ainda não tem resposta se a atitude conservadora já vem escrita nos genes ou se é determinada pelo ambiente. O provável é que seja os dois, e sua expressão dependerá do grau de exposição à capacidade de duvidar e de insurgir contra o status quo. São muitas as histórias contadas sobre um jovem que não se íntegra a seu cotidiano e quer fugir para um outro mundo, o que o isola dos colegas da mesma idade. O final sempre tem quatro possibilidades: ele foge e se dá bem ou mal, não foge e se dá bem ou mal. A discussão é sempre tão repleta de senões que fica difícil se posicionar como conservador ou revolucionário. O mais certo talvez seja manter os pés bem fixos no chão para que uma brisa não nos leve facilmente, mas não deixar de abrir as asas quando os ventos nos quiserem levar para o infinito das possibilidades. 

domingo, 5 de abril de 2020

Obediência Social

Vivemos o dilema entre a Desobediência Civil dos Anarquistas e a Obediência Social imposta pela partícula viral da vez. Em 1995 o mundo foi apresentado ao Ebola, que matou 80% de seus hospedeiros, mas que ficou restrito ao pobre continente africano. No enfrentamento ao Novo Corona, enquanto uns poucos governos apostam no Isolamento Vertical, a maioria impõe uma radicalização da quarentena, muitos depois de terem experimentado com consequências catastróficas a fórmula menos drástica.   Só quando pudermos contabilizar nossas baixas, quer pelo vírus, quer pela fome e desemprego, é que poderemos tirar conclusões que nos ajudarão em futuras crises. Por hora, o melhor é obedecermos o que o conhecimento científico nos indica como melhor caminho para a sobrevivência produtiva da sociedade, e nos ensurdecermos aos impropérios de um insano que mal sabe contra quem está lutando. Os números analisados a luz da Epidemiologia nos informa que o pico da curva está prestes a acontecer. A altura dessa montanha depende do número de nossos passos.     

Crise em Transe!!!

O desconhecimento da dinâmica da economia neoliberal financista e globalizada faz com que muitos empresários, peças imprescindíveis ao Capitalismo produtivo, arranquem seus cabelos diante de tantas portas fechadas, por tempo não determinado. Um fato pouco conhecido é que o real valor do dinheiro não está estampado no seu papel, mas na confiança que o Mercado tem no poder de sua troca por mercadorias. Outro dado estarrecedor é que o estoque de contratos financeiros emitidos atingiu em 2012, cerca de 14 vezes o PIB anuam global(Andy Haldane, The Money Forecast, new Scientist). Imagine como não está doze anos depois. O dinheiro que rola nas bolsas e fundos de aplicações não encontra lastro na economia real. O mercado se alimenta de confiança, não de arroz com feijão. A pirâmide financeira dá resultado por tempo cada vez mais curto. Antes as crises econômicas aconteciam a cada 40 anos ( 1890 -1930 - 1970). A que se iniciou em 2008 ainda faz estragos nas economias de todos os países. O Novo Corona veio potencializar essa crise. Será que estamos preparados para viver do básico para sobrevivência: ar - comida - água? Dificilmente voltaremos para uma economia baseada no escambo, mas é certo que a amplitude do lucro, principalmente do dinheiro que se auto multiplica sem o aporte na economia real, deve ser repensada e redimensionada, para que as inevitáveis crises se percam na dimensão temporal da história.          

Isolamento Conjugal.

Nunca foi tão necessário se respeitar o ISOLAMENTO. Vivemos mais uma vez o efeito colateral de um estilo de vida ultra conectado. Se não bastassem as barulhentas multidões que se aglomeram em shoppings, shows, feiras e raves, o mundo virtual devassa nosso silêncio interior. Quase não conseguimos mais ouvir a nós mesmos; a rede nos fisgou e, tal peixe que se debate em vão, viramos o prato do dia a ser vendido e consumido por preço incerto no mercado global. Ontem quase não liguei a TV, exceção feita para conferir a quarta temporada de "Casa de Papel". De algum tempo tenho gasto as horas depois do jantar assistindo filmes e séries com minha mulher. Este novo hábito diminuiu a densidade de leitura diária, substituída com ótimas histórias, principalmente as policiais investigativas que nos pegam vez ou outra de mãos unidas, trocando carinhos. Uma reportagem me informou que em tempos de isolamento social aumentou o número de casos de violência doméstica. Isso me lembrou a conhecida pergunta de QUEM eu levaria para uma ilha deserta. Com certeza já fiz minha escolha, com ou sem Internet. 

sábado, 4 de abril de 2020

Voltar ao Normal?

Qual a definição de Normalidade? Podemos voltar à vida Normal depois de um tempo doente, em férias ou só porque resolvemos dar um tempo, ou mesmo por imposição de governamental? Me parece que não podemos retornar ao que nunca existiu. Ontem eu não era o que sou hoje. Até meu peso mudou, encolheu, e minha relação com o outro é diferente da que foi no segundo que o ponteiro comeu. Somos máquinas mutantes, tal os vírus e suas idiossincrasias involuntárias. 
Voltar ao trabalho não pode ser considerado voltar ao normal, com tantas ruas vazias, o posto fidelizado fechado e me pegando de tanque quase seco e o cruzar com mascarados legais ou não passeando sozinhos, cada um com seu motivo, no início de um dia nublado, mas sem promessa de chuva.  
O normal anda longe de se impor nos corredores do hospital, a começar pelo setor de rouparia, que sequer sabia a localização, e onde me deparo com funcionários ainda tontos pelo inopinado das circunstâncias. Encontrei um abraço de boas vindas tolhido pelo medo do contágio e percebi que as relações também mudaram. Um medo escondido de transmitir e/ou receber, mesmo que involuntariamente, um mal secreto que ninguém sabe ao certo se carrega. As segundas orientações sobre a nova rotina, o novo normal, me chegam pelo colega que está deixando o estar. É assim, é assado. Isso pode, aquilo ainda está indefinido. Mais dúvidas que certezas, quase sempre é assim. De roupa trocada vou direto ao meu setor. Ser saudado com a afirmação sincera de que fizera falta, dá um consolo e força para esquecer que preferiria ter ficado em casa, recolhido e protegido da tempestade  que nenhum barco quer enfrentar. Só quando me encontro irreconhecível, como um recém nascido que acabara de nascer, e tudo fosse novidade, principalmente minha "tosca" e mascarada presença, é que pergunto o que mudara no mês que estive ausente e o que a pandemia trouxera de novo à rotina do trabalho. Quase nada. Ainda bem, que bom, menos mal, que chato, verdadeiro absurdo!!!!! Fui mudando do otimismo para a indignação quase que como descendo degrau por degrau no entendimento de que tudo mude para nada mudar. O normal continua se impondo à nossa percepção de mundo. Nos acostumamos tanto com o habitual que mal percebemos as mudanças que se impuseram na gente e no mundo. 

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Hábitos

Nenhum conceito e hábito tem geração espontânea, é imanente. Eles nascem de uma necessidade tanto nossa como de outros. Milhares de humanos desconhecem o chocolate, enquanto outro tanto dá a vida por uma dentada a mais no que chamam pedaço de paraíso. Somos depósitos ambulantes de vícios, de pratos e "trapos", de mantras e pompas, de conselhos e de considerações. Somos prisioneiros daquilo que "julgamos"ser bom para nós, e do próprio julgamento. Desconfio que não nascemos assim ao assistir um bebê ao seio materno e sugando com gosto algo tão sem gosto, que me ponho a arguir, não a necessidade  fisiológica do sal e do açúcar, mas o prazer que eles realmente nos proporciona. Já ouvi de alguém gabaritado que o açúcar aumenta a Serotonina e a sensação de prazer, mas não são infinitos os que o mesmo o fazem, dependendo inclusive do indivíduo que o procura? Os selvagens que fomos um dia se alimentavam do que encontravam, não faziam escolhas quando a questão era sobreviver. Não faziam cara feia e de nojo diante uma cenoura( será que já existia essa espécie no mundo vegetal) mesmo que meia murcha. A descoberta do fogo expandiu as possibilidades de escolha e aumentou a biodisponibilidade de energia a nossa disposição. Deve ter sido aí que surgiu a obesidade. Deve ter sido um pouco depois disso que passamos a ser seletivos. Hoje somos reféns dos nossos gostos, não experimentamos o que nos parece estranho ao habitual. Será que precisaremos retornar às cavernas para entender que tudo é vida, tudo nos liga, tudo deve nos confortar?