sábado, 27 de julho de 2013

Companheira.

Escuto o silêncio 
da madrugada
e me sinto bem
por saber que
na minha solidão
habita um outro
alguém. 

Os Gatos

Em um castelo arruinado de um país miserável viviam dois gatos. Todo dia, por vezes antes do sol nascer, a empregada enchia duas tigelas de leite fresco para eles. Os gatos davam um ou dois goles do branco alimento e partiam céleres e alegres aos suculentos ratos que, como todo mundo sabe, nunca paravam de se multiplicar. Durante anos os donos da propriedade nunca tiveram o dissabor de dar de frente com os indesejáveis roedores, mas como acordavam muito tarde poucas vezes davam com nossos dois felinos personagens. Até que a crise sócio-econômica-política mundial obrigou a família a vender a casa. Os novos donos tão logo se instalaram fizeram uma auditoria na despensa e logo perceberam que havia alto consumo de leite para tão pouco gato. Ou os bichos bebiam tudo ou nada de leite. Informados pela empregada um gato olhou pro outro, que miou de volta: “Vamos beber tudo e garantir a boia, afinal não é todo dia que os ratos dão sopa”. Quando os ratos roeram a roupa do  residente recém-chegado, este correu à cozinha em busca de ajuda. O gato mais velho, com o diário oficial na mão foi logo esclarecendo: “Sinto muito, mas estamos regimentalmente de férias”, e se virando para a empregada pediu o terço adicional de leite. 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Idiossincrasias

Deve ser muito chato viver com quem gosta de escrever. Difícil entender que este não possa parar de olhar para a tela do computador e conversar naturalmente, dando-lhe toda a atenção que merece e exige, e compartilhe do assunto em pauta nos mais ínfimos detalhes. Dividir a atenção entre a imaginação, o transcrever em palavras, frases e parágrafos, o digitar, ver os erros, corrigir os mal entendidos, julgar o resultado, rever possibilidades, vislumbrar alterações mais poéticas e instigantes, fazer comentários ou sugerir referências, decidir entre ser direto, dar um toque de humor ou simplesmente ser ácido e certeiro, e a conversa sobre o cotidiano, a diarreia da filha, a lâmpada que resolveu não acender, o refrigerador que está criando gelo, os problemas no trabalho e o vizinho que reclama do armador, parece coisa simples, tarefa de principiante, papa mole de engolir. Quem disse que é fácil entender o bicho homem e suas idiossincrasias?

sábado, 20 de julho de 2013

Wave

A onda que
Me leva
Me traz
Até você:
Cantinho
Aconchego
De cheiro
Maneiro
Exalando
Prazer.