sábado, 28 de setembro de 2013

Amigo(?) é para essas coisas.

- Salve!
- Como é que vai?
- Amigo, há quanto tempo!
- ...
- Senta aí.
- Só um instante.
- Vai uma cervejinha?
- Não, obrigado.
- Tá dirigindo?
- Vendi o carro.
- Vai trabalhar mais tarde?
- Não, perdi o emprego.
- Já sei, a mulher não deixa.
- Nos separamos.
- Vai me dizer que não vai beber porque tá sem grana?
- É isso aí...

- Pois toma só um copo e escafede. Liseira pega!!! 

sábado, 21 de setembro de 2013

Crônica de Uma Sorte Anunciada.

Já abria a porta quando o telefone tocou. Àquela hora só podia ser mamãe, e era. Pediu que fosse lá urgentemente. Não adiantou dizer estar em cima da hora para o voo. Entre um fungado e outro disse que papai havia deixado um pacote para mim que deveria ser aberto imediatamente. Argumentar que estaria de volta à noite foi inútil. Já no táxi me ligou para o celular - não tinha chance alguma de fuga. Desempacotar o embrulho de papel madeira selado com fita adesiva exigiu a ajuda de um estilete bem afiado. O velho estava a fim de me dar trabalho. Mamãe repetia incessantemente que encontrara o pacote sobre o birô do escritório uma semana antes da morte dele. Havia um bilhete para ela dizendo que só entregasse o pacote naquela exata manhã bem cedo. Envolto em uma folha A4, um mil duzentos e cinquenta Reais. Na dita folha apenas uma ordem e um conselho.   “Compre um caderno e um lápis e confie na sorte”. Só podia ser brincadeira, mas acreditar que meu falecido pai me insultava nos últimos momentos de sua produtiva vida era impossível. A lembrança que a única livraria aberta àquela hora seria a do aeroporto me trouxe grande alívio. Beijei a testa materna e peguei o táxi. Antes de fazer o check-in corri para a livraria. Estava pagando quando escutei a última chamada de meu voo. A moça da empresa aérea, entendendo meus motivos, se desculpou pelo meu atraso e me botou no próximo voo com saída em duas horas. Sentei numa mesa do café. Um SMS do celular confirmou o débito de quinze reais e quarenta e quatro centavos de minha conta. Abri o caderno e comecei a rabiscar pequenos e inocentes versos, fazendo pequenas anotações e contas sem sentido. A notícia da queda do avião me abalou profundamente, mas quando a lotérica abriu tudo estava muito claro para mim. Risquei os números 1-2-3-4-5-6 da Megasena e sai da lotérica com o sorriso sem razão dos milionários e a cabeça cheia de ideias. 

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Imaginação

De onde nasce a imaginação?
De um sonho não realizado
Ou de um desejo escondido?
De uma palavra calada
Ou de uma ideia interdita?

Deve nascer do conjunto,
De tudo que vimos e ouvimos.
Nasce da possibilidade
Do que poderia ter sido.

Nasce do que somos
E do que queremos fazer
Com nosso futuro.
Nasce de um quintal
Que derrubamos o muro.


16.01.12  

sábado, 14 de setembro de 2013

Dívidas.

Não ligo para o que me dizem, desde que seja com carinho, com vontade de ajudar ou de pedir alguma necessidade. Se devo a alguém que me cobre honestamente, sem meias palavras, sem desconto, com  sinceridade e sem humilhação. Se me deve, não deixe que eu pense que esqueceu, nem fique me lembrando a todo instante. Não chore miséria, nem conte vantagem. Não me prometa juros exorbitantes, nem vire a cara quando me vir.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Lembranças

O tempo que 
não mais volta,
não é aquele 
que se perdeu. 
É tudo que já 
não faz falta,
mas sem ele 
ninguém viveu.