sexta-feira, 28 de maio de 2021

Desconectado

O mundo não está 

inteiramente conectado.

Ainda existem pontos

cegos de paz onde

podemos curtir a nós

mesmos e o compartilhamento

é mera promessa por vir.  

No ar

Porque

para te sentir 

não preciso tocar. 


Basta imaginar 

teu gosto e 

gozar do prazer

que exalas

sem perceber, 

mesmo sem intenção, 

simplesmente

sem querer.   

Singela Felicidade

...

Carrego a ausência da inquietude que se aplaca na fé. Admiro incondicionalmente a independência para me ajoelhar diante de algo que dizem "todo poderoso". Busco sempre os defeitos dos que mandam e me refastelo com a felicidade singela dos humildes.  

Pena Capital

... 

Sou o que  

ousa escrever, 

revelar para o papel

aquilo que não 

consigo entender

muito menos calar. 


Mas não quero

ser julgado 

pelo escrevo:

temo tanto ser

entendido quanto 

a Pena Capital. 

Desconhecido.

    Vivemos imersos no absurdo do desconhecido, entendido não como o que está por se desvendar, mas o que jamais poderemos alcançar, já que o conhecimento gera por si exponencialmente mais dúvidas e questionamentos. Muitos dão a esse indevassável e infinito mistério o nome de Deus, outros consideram a questão como uma equação incompreensível entre a matéria e a energia, e seguem quebrando o antes indivisível átomo em partículas cada vez menores. A fé instrumentaliza o divino como força matriz que une todos os homens numa só irmandade, enquanto o posicionamento cético impõe ao próprio homem o dever de encontrar a fórmula que possibilite uma existência harmoniosa, satisfatória e confortável para todos. O papel da ciência como instrumento humano de desenvolvimento não busca a extinção da fé (procura inclusive entende-la como fenômeno essencialmente antropotécnico de auto satisfação e reconhecimento), mas responder perguntas que possibilitem novos e infindos questionamentos, sem a ilusão de chegar a uma única verdade. Afinal somos aqueles que querem saber "quem somos".

domingo, 23 de maio de 2021

Mistério da Luz

O vento veio contar que o sol se apartou do mar, e a lua, dando pouca bola pro ocorrido, levou para longe as  estrelas, arrastando cada uma o seu brilho. A noite se fez dia e o encanto das sombras se perdeu no mistério da luz. O céu é o único guia para quem carrega a dor da cruz.

sábado, 22 de maio de 2021

Caminhos Possíveis

É no silêncio frio da madrugada que encontro o melhor de mim e do mundo nos sinais que se avermelham para si mesmos, nas luzes que emprestam sombra aos gatos que acabaram de exercitar seu direito de procriar, e nas ruas que se esqueceram do que lhe mandaram fazer e se revelam ser o que são: caminhos possíveis. Pouco a pouco o deus Sol aquece o silêncio e enche de vigor e de dúvidas o outro lado da moeda que nunca sabe quando cai, aonde vai, o que é e o que quer. 

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Vácuo

As horas passam lentas
E de repente me
Encontro no amanhã,
Sem lembrar átimo sequer
Do sonho que vivi
Em noite vã.

O tempo não é inimigo,
Muito menos doce irmão,
Mas tudo que ocupa o lugar 
que se perde para a ilusão

Fora de Lugar

O sorriso
Perdeu o doce.

A lágrima 
Se esqueceu do sal.

O canto 
Não brotou da boca.

A dor 
Não conheceu o lugar. 

A vida 
Se perdeu na morte
Quando o coração
Parou para pensar. 

terça-feira, 18 de maio de 2021

Realidades Paralelas

 ...

    Há um algo a mais na imensidão do azul que se mostra despudoradamente acima de todas as cabeças. Tudo que a gente pensa é muito aquém de todo sentimento que se quer ter. Reféns de nossas memórias, vivemos realidades paralelas que se impõe sobre nossas pretensas verdades. Não sou um, nem muitos, mas a capacidade de amar incondicionalmente.






Beleza do Mundo

...

    Hoje vi uma lua cheia. E, sem nenhuma lembrança de qualquer razão metafísica, me senti maravilhado com a beleza desse mundo que não sei de onde veio e creio, sem nenhum pesar na alma, irá se acabar. 


    Não me incomoda a fé na boca do outro. Temo-a quando ela oprime e cega a já pouca racionalidade da alma. 

Barco Fantasma

...

 Não sei porque

meu sonho é torto. 

Se quero o mesmo que outro,

quero fazê-lo de diferente modo.


Meu caminho pouco cruza

com os dos semelhantes.

Devo ser avesso às 

interseções.


Ocupo outra dimensão,

sopro as velas de 

um barco fantasma

que me leva para 

o reino da solidão.  

Meu Canto

...

Canto que 

canto com glória,

meu chão,

minha hora

de labuta e lazer.


Piso teu solo

sem medo,

olhando adiante

tudo que sempre

quis ver. 


Teremos que Resistir até 2022.

    Antes de mais nada deixo meu apoio incondicional ao afastamento do atual presidente(em minúsculo mesmo) da Republica Federativa do Brasil pela sua incompetência em gerir nossa e qualquer nação minimamente civilizada, fundamentada por claras demonstrações de insanidade mental grave e incapacitante. Culpar os igualmente doentes mentais que o seguem cegamente, bem como aqueles que o enxergaram como única saída contra o retorno petista ao poder, me parece pragmaticamente inútil. O que nos resta é denunciar os desmandos, debochar de suas declarações preconceituosas, nos divertir com suas destemperanças e trabalhar a educação politica da sociedade que nos rodeia. Não tenhamos a ilusão de que o atual e degenerado congresso, dominado por maioria que se esconde hipocritamente sob o escudo do combate a corrupção, vá afasta-lo do cargo que desonra com excepcional competência. Encontrar uma relação-prova direta de causa-consequência entre a má condução da Pandemia e a péssima situação epidemiológica em que nos afundamos me parece tarefa improvável, embora todas as correlações sejam inegáveis e irrefutáveis. Enumerar essas correlações seria um exercício pleonástico e sou avesso a prolixidade, por isso me contento em declarar minha falta de espanto com todos os atos perpetrados contra a Saúde do brasileiro por um sujeito que só teve um lampejo de racional sobriedade ao se reconhecer, tão logo foi proclamado eleito,  incompetente para exercer a presidência da nossa triste e injusta república.      

Suspiros

Luz, calor e 
Sombras que 
Passeiam ao meu redor.

Quase que dá para 
Ouvir o barulho do mar
Que me quer invadir. 

Certos são os suspiros 
De vida e de dúvidas
Que dividirei 
Antes de sumir. 

Rebentos

Rebentos são brotos
Que vingam e nascem
De resistentes raízes.
Rompem a barreira 
Da dura e seca terra
E enfeitam o mundo
Com sua verdura
Fresca e brilhante.

Não pedem para crescer,
Mas se sabem fadadas
Ás alturas dos sonhos 
Mais que possíveis.

Rebentos são mágicos
Que não se servem da ilusão,
Se alimentam da mais 
Pura seiva da união 
Entre almas que querem 
Contar suas histórias,
Não só ouvi-las ao adormecer. 

Rebentos são sementes
Com sede de luz. 



Verdades

Verdades são promessas
Que não precisam ser
Cumpridas.

Passam de mão em mão,
De boca em boca,
Fé contra fé.

E acabam se perdendo
No mar revolto da
Intolerância. 

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Paixão

As paixões são
Tão tolas quanto
Um cão alegre 
E sem dono,
Uma noite perdida
E sem sono,
Uma luta sem causa,
Uma dor não sentida,
Um caminho que leva
Pro completo abandono. 

sábado, 15 de maio de 2021

Moeda de Uma Face.

...
Tudo só faz sentido
Se não houver porquê.

O sonho só é real
Se não virar fato.

O caminho só merece o passo
Se der em lugar nenhum.

A verdade só se impõe
Se houver alternativas.

Só brinca de Deus
Quem entende que 
O mal e o bem 
Ocupam a mesma
Face da moeda. 

Balé Improvável.

...
Os pingos dos is
picam e repicam
Num balé improvável
Sem começo nem fim. 

Pulam entre mundos
Sem se deixar traduzir
Em instantes concretos
De sombra ou de luzir. 

Fingem que se escondem,
Aventureiros do pudor
Defensores imorais,
De tudo que sabem em si. 

terça-feira, 11 de maio de 2021

NE

...

Espero a chuva

que teima em 

se esconder.


Triste, seca,

louca terra que queima,

mata e 

não se deixa ver.


Quisera carecesses

de tudo, 

fosses o inferno,

não este mundo encantado, 

místico

de sonho e prazer. 

Nobre Obrigação

...

Gosto do eu que não gosta de mim. 

Dormir não é necessário, 

é fugir do indesejável eu mesmo. 


Não nasci senão para morrer, 

e antes de morrer, 

sofrer muito, 

até rasgar qualquer ilusão de felicidade.  


Viver a solidão como beber água, 

necessário e insípido:

respirar o tédio tal comer pão de ontem,

sem manteiga;

descrer de tudo e de todos

como a mais nobre obrigação.

Soco Sem Desejo

 ...

Não há dor
Na ausência.
Ela brota do que não
Poderia ter sido,
Do que foi cuspido
Sem intenção
De magoar,
Embora não haja
Soco sem desejo.
A dor é sempre
Transitivamente cruel,
Independente do sujeito,
Quem sofre é o objeto.
Saudade machuca
Mas não dói.
Só há dor na cicatriz.
Lembrar é a certeza
De que alguém nos
Fez feliz.

Eterno Tentar

...

Por mais que tente

não alço voos 

mais altos.

Resta-me somente

o eterno tentar

sob o consolo insosso

da mediocridade.  


Sofrer não é 

monopólio 

de ninguém. 

Ama quem sabe gozar

da própria dor.

Grita quem 

pensa ser 

o centro 

do universo.

Pede perdão quem 

faz sem vontade. 

domingo, 9 de maio de 2021

Imunidades

Será que ainda podemos determinar nossas ações como parte de um processo histórico que vislumbra um futuro e suas múltiplas possibilidades? Na vigência do ANTROPOCENO há sérias dúvidas se já ultrapassamos ou não o momento "imunologicamente" capaz de evitar um processo irreversível de não sobrevivência. A imunidade biológica deverá ultrapassar sua indivualidade,  tomar dimensão no espaço social das leis e das jurisprudências, ganhar força simbólica e ritual na espiritualidade que religa o mundo dos seres e das coisas, para de traduzir uma rede de proteção que possa abrigar a todos em um único e humano abraço. 

sábado, 8 de maio de 2021

Abandono

O baile nem terminou
E anda longe a aurora.

Nada mais ouço
Exceto seus passos
Indo embora,
Condenando meu sonho
Para uma outra hora.

Deixando para incerto amanhã
O que queria agora. 

Destino Impossível.

Fujo para um  
Mundo onde a 
Onda se arredonda
Numa folia 
Sem limites,
Sem consolo
Ou palpites,
Sem cachaça 
Ou filé. 

Meu destino é
O lugar que 
Ninguém quer. 

domingo, 2 de maio de 2021

Oração.

Não sinto o vazio
Embora o quase 
Possa entender.

A ilusão é menos doce
Que o chocolate amargo
De todo Domingo,
Enquanto a vida 
Nos impõe o sal
Nosso de cada dia.

E que sempre 
Nos seja dado:
Seja na sala,
Melhor se for
No quarto.