Meu ar é a dor.
Me alimenta o pensar
que ninguém
namora a morte
como eu.
Pois sofro pela simples
razão de respirar
e espero ser
incompreendido,
o ser vivente
que não sonha
com a eternidade.
Um texto não lido é como um amor não correspondido. Neste espaço quero compartilhar um pouco de meus escritos, dar e pedir sugestões de leituras,filmes, músicas e ...
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Éter
Não quero
falar de amor,
Nem esquecer
que existe o ódio.
Quero dizer
que existo
E isso devia
bastar.
De tudo que
sei
Muito queria
esquecer.
De muito que
sou
Tudo quase desejo
mudar.
Nada é tão
absoluto
Que não
admita questão.
Nada está
completamente cheio.
Não existe a
ausência do vazio,
Nem a
concretude de qualquer razão.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
Creio
Crer:
Necessidade ou obrigação?
Algo que se aprende
Ou que brota macio
Do fundo do coração?
Um dia ousei
Dizer que não cria.
Hoje sei, estava errado:
Só não crer
Quem tem vida vazia.
Creio no sorriso verdadeiro
Dos meus pais quando aqui
chego,
No seu beijo que me faz
criança,
Neste ninho, onde esqueço o
medo.
Creio no amor quase materno
Nos olhos de minhas irmãs
Como no sol que brilha
eterno,
A cada nascer da manhã.
Creio no calor amoroso
Dos braços de meus irmãos
Creio na lua que enfeita
O céu dos homens bons.
Creio nos meus sobrinhos
Meninos e meninas que vi
crescer
Bonecos moldados pelo carinho
A quem quero ensinar e com
eles aprender.
Creio nos tios e cunhados
Pais, mães, irmãos segundos
de tantos caminhos.
Creio na palavra sincera
E fraterna de todos os
amigos.
Creio nos pais que me
adotaram
Que me querem que nem filho
Pais da companheira
Com quem meus dias partilho.
Creio nesta mulher
Que no frio me dá calor.
Ela é prova inconteste
Que existe o eterno amor.
Creio nas lágrimas que choro
Ao lembrar das nossas filhas
Pingos de luz e amor,
Nossas duas maravilhas.
Razão de toda uma vida
Emoção que toca mais fundo
Duas almas pequeninas
Tudo o que se quer do mundo.
Creio que a vida é melhor
Quando de tudo se partilha.
Creio que nada existe maior
Que o amor da nossa família.
Natal de 2007.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
Gente que se foi
É preciso preencher estas linhas,
Borrá-las de tinta e de emoção.
Assim como seguir seguindo
Como diz uma bela canção.
É preciso engolir o pranto
E transformá-lo em alegria,
Pois o riso nos dá força
De seguir o dia a dia.
É preciso olhar longe
Sem esquecer o que ficou
Gente que foi embora
Mas deixou o seu amor.
É preciso seguir o arco-íris
Regar a vida com desejos.
Saber o valor do carinho
E nunca negar um beijo.
sábado, 22 de dezembro de 2012
Sobrevivente Transitório
Uma a uma
A vida ia se perdendo
E o pouco de oxigênio
Que sobrava
Só enchia de temor
Os pulmões dos
Sobreviventes transitórios;
E a água que ficava no copo
Não conseguia matar
A sede do último ser.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
211212
A noite se fez dia
E tudo se apagou
Num clarão de
Mil sóis.
A vida se esvaiu,
Os sonhos perderam o sentido,
O amor já não conta
E nada mais dói.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Terror - Antologia Sobrames 2012
Acordei com uma bruta dor na boca. No lugar dos incisivos
centrais um coágulo quente e macio chamava a atenção de minha inquieta língua,
vítima comum da noite anterior. Tinha sede. Tateei no escuro a procura de um
mínimo de humanidade em forma de água e nada. Gemi, inicialmente baixo, um
lamento, um sussurro em busca de piedade, um lamento cheio de dor e desespero,
um pedido de socorro, um fio ínfimo de esperança. Um click antecedeu em
impercebíveis milésimos de segundos o clarão que encandeou minha retina. Minha
ofuscada figura foi carregada por dois fortes pares de braços através de um
corredor de lamurientos gemidos até uma sala grande próxima o bastante para que
minha visão não pudesse ter recuperado a lucidez. As vozes se misturavam
trazendo-me maior inquietação. Uma delas pediu que me encapuzassem. Por um
instante vivi a ilusão que conhecia seu dono e já ia inspirar um pouco de
esperança quando um soco me quebrou o nariz. Antes que abrisse a boca para
poder respirar, um jab de esquerda me descolou a mandíbula impondo pela força o
ato que faria por pura e voluntária necessidade. O zumbido no ouvido perturbou
minha percepção auditiva; as vozes se misturaram deixando-me órfão de qualquer
consolo. Desejei que a morte chegasse célere e este pensamento trouxe-me paz e
resignação. Tentei entregar minha alma a Deus, mas o exercício de incredulidade
dos vividos anos sem fé falou mais alto e mudei imediatamente o foco para a
inviabilidade do eu diante da enormidade impenetrável do universo cósmico. Um
balde de água gelada me acordou do sonho de Nirvana. Senti a dureza fria do
concreto contra minhas proeminências ósseas. O foco cirúrgico me mantinha cego.
A voz - teria sido aquela que julgara conhecida? - pediu com um grito quase
desesperado que apagassem a luz.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Na hora do rush
Na hora do
rush
Todo mundo
vira um.
Cada qual
susta sua pressa
No gemido
trêmulo e manso
Do motor em
ponto morto.
Na hora do
rush
Perde-se a
noção do movimento
E o segundo
não soma metros.
Mede-se
somente o tempo
Que se perde
em cada
Centímetro
de asfalto.
11/01/12
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
Mil Fins
Antes de
cada recomeço
Existem mil
fins.
Uns alegres,
Muitos tristes.
Alguns
deixam saudade,
Outros não,
de tão ruins.
Vários são
rios de pedras
Poucos floridos
jardins.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
Cadeia Temporal
Tomei as
rédeas do tempo
Na intenção
de colher
Só bons
momentos.
Foi então
que entendi
Que ele é
uma corrente
De elos
inseparáveis,
Indiferente
à nossa
Cadeia de
(in)felicidades.
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Tudo é mesmo relativo?
Vá lá que tudo seja relativo, mas certamente algumas coisas
são mais relativas que outras. A felicidade é possivelmente mais relativa que a
verdade, que são infinitamente mais relativas que a beleza.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
Abdução.
A noite estava fresca e o céu me recebeu tão salpicado de luz
que resolvi, contra todos os instintos de sobrevivência, me sentar no banco
central da praça, àquela hora praticamente vazia, exceto por um ou dois casais
impudicamente engalfinhados – embora desconfiasse que muitos outros exercitassem
o amor por entre moitas e sombras periféricas. O rapaz que me pediu um cigarro
seguiu em frente sem esperar que eu me desculpasse por não fumar. Segui-o destemerosamente até perder sua figura e todo problemático pensar para a escuridão. Quando ele
voltou, já com o dedo no gatilho, encontrou somente o banco vazio.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
Janela Vazia
Olho a janela vazia e quero chorar. Cadê o sorriso, prenúncio
de um dia bom? Saí do elevador com a intensão de olhar sempre para frente, mas o
hábito de receber sua graça foi mais forte que a realidade. Ligo o som do
carro, dou uma ré e buzino para o porteiro abrir o portão da saudade. 30.11.12
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Pausa Para Leitura
Ler é fugir, quando menos uma desculpa para o isolamento,
coisa tão difícil no mundo do celular. Perdemos a privacidade, o direito de
ficarmos sós com nós mesmos. O homem tem medo da solidão do eu. Tem medo de
pensar, ato perigoso para quem acredita no pecado e no julgamento moral. O ato
solitário de ler resgata a busca do eu interior. Lemos para experimentarmos o
que jamais viveremos. Imergidos em nossa deliciosa rotina, procuramos na
leitura a tormenta da tempestade, onde podemos mostrar nosso valor, viramos
Quixotes, ou mesmo Panças, heróis, auxiliares, ou mínimos expectadores. O
leitor não pode ter o pudor de se declarar egoísta, mas deve saber a hora de
parar para escutar quem pede sua atenção. Importante fechar o livro sem
aparentar que faz uma concessão, mas não deixar dúvidas que é apenas uma pausa,
e quanto mais curta melhor.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
Medo
A verdade é que não quero a morte. Menos a dos meus queridos
que a minha. Tenho medo de sofrer, sentir a ausência do consolo amigo, da
alegria do companheiro, do morno abraço que acalenta a solidão. Por vezes, não
poucas, me pego imaginando, antevendo os prólogos de minha despedida, tentando
em vão experimentar sua inefável sensação. Enquanto ela não chega sigo sem
pressa, colhendo funerais e empilhando saudades no meu pobre e pulsante
coração.
sábado, 1 de dezembro de 2012
Questão de Gosto
Quase nunca
sei o que digo.
Quase nunca
digo o que sei.
Acredito
mais na dor
Que na
morte,
Mais no
labor
Do que na
sorte.
Mais no
choro
Que no
sofrer,
Mais na dor
Do que no
querer.
Mais no sexo
Do que no
beijo,
Mais no
feijão
Do que no
queijo.
Mais no
sofrer
Que no
fingir,
Mais na
porrada
Que no
mentir.
Mais na
torrada
Do que no pão,
Mais na
caipirinha
Que no
limão.
Mais na
harmonia
Que na canção,
Mais na
tristeza
Que na
solidão.
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