sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Na Lama

Não raro me saturo e, de frente ao muro do mundo,  grito "foda-se". As notícias são tão as mesmas que fico impressionado com a falta de imaginação onde conseguimos nos enterrar. Ligo o rádio e ouço  velhas canções com novos intérpretes. Abro o Jornal e as mortes se sucedem sem pudor e as mulheres continuam sendo exterminadas por machos inconformes com uma nova suspeição de inutilidade.  Mas nem tudo está perdido. Cada dia nasce uma cerveja artesanal para nos ajudar a fugir dessa droga de vida sóbria e careta. Parece que vivemos o pós diluvio, naquele momento quando as águas baixaram e ficou só a lama onde atolamos a vontade de ousar e nos transformar. Esta faltando maluco neste mundo cheio de sociopatas e psicopatas, onde qualquer mudança traz uma saudade do que já foi um dia. O consolo é que a história prova que o mundo muda. Quando desistir parece a única opção, melhor é dar um tempo e esperar que a chuva não demore muito a voltar.    

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

... Quatro Pernas

...
Vi minhalma
pegar fogo
na imensidão
do desejo
impossível,
no abismo 
que confunde
quatro pernas,
na sombra sem 
o brilho blue
dos teus olhos. 

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Corrupção x Luta pelo Tamanho Certo do Estado.

A corrupção, escancarada pela Operação Lava-Jato, mas há muito  conhecida por todos, tomou conta do debate-embate político nacional e fez muitos  eleitores serem acusados  de corruptos por adesão. Nunca ouvi alguém se declarar corrupto assumido, a não ser o hilário personagem do Eterno Chico Anísio. A corrupção comprovada não tem defesa e tem de ser punida. O que se esquece é que o voto é o único instrumento real que temos para intervir na vida sócio-econômica e política deste país chamado Brasil e como tal não podemos resumi-lo a simples luta entre corruptos e não corruptos. A propagada ideia de que não existe mais voto ideológico só serve para diminuir o debate entre a diferentes maneiras de entender o mundo. O ser político é antes de mais nada um ser econômico. Estes dois aspectos complementares ditam nossa maneira de se expressar na sociedade. Os conceitos de Liberdade e Igualdade, tão emblemáticos da Revolução Francesa, se mostram cada vez mais antagônicos num mundo em transformação, onde a entrada da mulher no mercado de trabalho, a revolução tecnológica, o boom da informática, a globalização econômica e financeira, reduziram sobremaneira a oferta de trabalho. Os avanços sociais experimentados no pós guerra chegaram a um limite e hoje dependemos cada vez mais da fraternidade para dar uma condição minima e digna para todos. O debate que se impõe seria a meu ver de onde viria esta Fraternidade. Os liberais clássicos dizem que veria da própria boa vontade dos homens livres, através de doações altruísticas e humanas e do desenvolvimento das potencialidades individuais de cada um. Do outro lado estão os que defendem que este papel deve ficar com o Estado através de impostos proporcionalmente maiores para os ricos, de políticas de distribuição de renda, através de aumento do salário- minimo e de crédito barato e de bons serviços públicos. Me posiciono entre os dois, com inflexão para o fortalecimento do Estado, entendendo que nossa sociedade ainda é muito pobre e desequilibrada, mas sonhando com um mundo utópico de um Estado Mínimo, quem sabe até desnecessário. Alguns chamam esta polarização de Direita x Esquerda.