sábado, 23 de março de 2013

Swing


O princípio do ocorrido foi os elogios mútuos às mulheres enquanto elas estavam no toalete. Recebidas com largos sorrisos ficaram meio sem jeito, talvez até imaginando coisas, pois nenhum foi capaz de explicar-lhes o inefável ar de felicidade. Saíram do restaurante de braços dados, cada qual com seu cada qual, até que a força oculta que pairava no ambiente fez das suas e não sei em que altura do caminho até o apartamento do casal que morava mais próximo e onde combinaram tomar um último drinque, deu-se a troca. Parecia que tinham acumulado assunto durante o período que saiam juntos para se divertir. Impossível imaginar do que tanto conversaram, mas não deve ter sido sobre futebol, cerveja, vestidos ou sapatos. Bastante improvável que tenha sido filosofia ou política, muito menos amor. Chegaram ao apartamento cheios de vontade, mas sem pressa. Abriram uma garrafa de champanhe, brindaram à saúde e à vida e se recolheram às suas respectivas alcovas, sem nenhum comentário desnecessário. Quando ela saiu do quarto do adormecido anfitrião encontrou-o na sala, olhando pela janela a alvorada que se anunciava tênue e fria por entre pesadas nuvens de verão. 

sábado, 16 de março de 2013

Gramática improvável


Quando é um tempo
Que não quer chegar.
Porquê é uma pergunta
Que não sei fazer.
Será é uma possibilidade
Difícil de esperar.
Com é uma união
Improvável de acontecer. 

sábado, 9 de março de 2013

Vento de Março

O mais sábio dos homens me pediu para ficar e fazer tudo do jeito que só eu posso querer fazer. Não pisquei, nem dei pista das minhas futuras intenções. Apenas me calei e no silêncio todas as minhas dúvidas se dissiparam, perderam 
a razão pela qual foram construídas. O mais sábio dos homens deixou uma lágrima cair de seus olhos, inspirou longa e serenamente e sem dizer palavra foi se apagando, tal qual a verdade na consciência humana, até sumir 
definitivamente. Sem ter a quem pedir licença ou perdão, abri os braços e me deixei levar pelo vento.   08.03.13