sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Amanhã de novo

Somos carentes e escravos dos símbolos. Torcer para que o amanhã seja mais luminoso do que o hoje é tão inocente quanto preciso. Os sonhos nos alimentam. Ganhamos força e vigor no pão do amanhã. O futuro é um destino viável e imanentemente planejado. Sem o lampejo do abraço que nos acolherá no instante próximo somos bichos sem um álbum de memória. No exato instante em que o antes se confunde com o depois descobrimos a intemporalidade dos afetos. E se o nunca se deixa confundir com o eterno é sinal de que mais que senhores somos dependentes do que alguns chamam de amor. 

2022

Sentir o mundo é coisa que não podemos querer unanimidade. Mas não dá para nos furtar ao desejo de querer? Não somos mais nem menos felizes hoje do que ontem, e quase sempre o mais importante é nos saber vivos e presentes no que entendemos como "nosso" tempo. A simbologia, mais do que nos representa, nos persegue. Se não há como escapar da contínua busca pela resignificação é sinal do incerto que nos habita.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Corda Bamba do Tempo

O ser humano é o animal que inventou o tempo. Por isso ele sonha e sente saudade. Ele cria enquanto destrói. Ele se arma para sobreviver, mas não consegue estar sozinho. Agradece pelo dom da vida e mesmo assim sofre. Este misto de senhor e escravo balança na corda bamba que ele mesmo esticou e por isso não pode se recusar a encarar essa aventura. 

Humanos Erram.

É tão bom se saber amado quanto ruim ter a certeza que será perdoado. Quem fará o elogio da impunidade? Amar e ser amado é se imiscuir ao mundo num sincretismo justo e organizado. Algo que transcende o equilíbrio e se faz pura harmonia. Confiar no perdão é se negar a fazer parte, se apossar e se confundir com o todo. Os erros não nascem em busca de perdão, mas abrem espaços para a construção do indivíduo. É a argamassa que dá sustentação ao muro, não os tijolos meramente empilhados.