sábado, 23 de março de 2013

Swing


O princípio do ocorrido foi os elogios mútuos às mulheres enquanto elas estavam no toalete. Recebidas com largos sorrisos ficaram meio sem jeito, talvez até imaginando coisas, pois nenhum foi capaz de explicar-lhes o inefável ar de felicidade. Saíram do restaurante de braços dados, cada qual com seu cada qual, até que a força oculta que pairava no ambiente fez das suas e não sei em que altura do caminho até o apartamento do casal que morava mais próximo e onde combinaram tomar um último drinque, deu-se a troca. Parecia que tinham acumulado assunto durante o período que saiam juntos para se divertir. Impossível imaginar do que tanto conversaram, mas não deve ter sido sobre futebol, cerveja, vestidos ou sapatos. Bastante improvável que tenha sido filosofia ou política, muito menos amor. Chegaram ao apartamento cheios de vontade, mas sem pressa. Abriram uma garrafa de champanhe, brindaram à saúde e à vida e se recolheram às suas respectivas alcovas, sem nenhum comentário desnecessário. Quando ela saiu do quarto do adormecido anfitrião encontrou-o na sala, olhando pela janela a alvorada que se anunciava tênue e fria por entre pesadas nuvens de verão. 

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