quarta-feira, 22 de abril de 2020

Pedros, Álvaros e Cabrais.

Pense num desprestigiado esse tal de Cabral! Se não fosse pelo Pedro, nome mais que forte, pedra fundamental da Igreja Cristã e de tantas outras edificações, nem eu teria lembrado daquele Álvaro, personagem histórica renegada por milhões de brasileiros e portugueses. Mas ele foi Pedro e como alicerce deve ser resgatado. Poucos teriam a coragem que ele teve de se desviar da rota habitual para as Índias e se deixar  levar pelo vento do leste buscando um desconhecido Novo Oeste. E ele chegou aqui, e se deslumbrou com a exuberância da floresta e com a sexualidade nada reprimida dos seus belos habitantes a quem chamou índios, numa desfaçatez digna de muito político que ainda desfila por aí, trocando bugigangas por voto. Não conheço o regimento da corte imperial portuguesa da época, mas imagino que Cabral tenha sido condenado ao ostracismo após ser acusado de crime contra o decoro da verdade. Ou pode ter sido usado como bode expiatório de um conluio para burlar a Espanha de suas recentes descobertas. O fato é que estamos aqui, em pleno 22 de Abril, e não ouvi falar daquele Pedro e isso me deixa intrigado, para não dizer triste. Um nome tão forte, que teria dado ao filho homem que não tive, ser esquecido, banido da nossa história como simples coadjuvante de um novela que ninguém assiste. Quantas outras pedras mais virarão restolhos, britas a tapar buracos, esconder verdades por detrás do muro da história mal contada?  

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