quinta-feira, 16 de abril de 2020

Silêncio Invisivel

Por mais que nos deslumbremos pelo som e pela luz é no escuro e no silêncio onde nos encontramos melhor. É justamente a impraticabilidade desta experiencia, que a coloca no mundo imaginário da esperança, o que tanto maravilha os humanos em sua eterna luta pela paz. Somos construídos na ficção, seres que se reinventam e se transformam ao sabor e guiados pelo tempo. Os computadores mais modernos possibilitam as multitarefas, justamente o que não interessa ao nosso limitado cérebro. O sistema binário entre o "sim e o não" torna as equações simultâneas coisa primária, viável e produtiva. O mesmo não ocorre com nosso cérebro, que trabalha com infinitas variáveis, na dependência, é claro, da quantidade de vivências diferenciadas de cada um. Os que se enraízam mais nas suas experiências tem mais facilidade em contemplar o mundo e se saciar com seu silêncio interior. Para os inquietos o trabalho é mais penoso. A tempestade de impulsos elétricos que procuram uma via de escape para se libertar é intensa e os curtos circuitos constantes levam aos acidentes inevitáveis. Nada mais certo do que se algo pode acontecer, vai acontecer. O tamanho de nossa previdência só diminui a probabilidade de que eles ocorram, mas não os evita. Estamos sempre esbarrando nas coisas, derramando café ou vinho na camisa, furando sinais vermelhos, ultrapassando velocidades, deixando tesouras ao alcance das crianças. O excesso de processamento exigido do nosso limitado cérebro torna nosso dia a dia uma pequena sucessão de descuidos. O que seria das companhias de seguros se todos andassem focados no momento? Não a toa se fala tanto de Meditação. Se enxergar, se entender e se reger dificilmente será alcançado enquanto ficarmos imersos no barulho e na claridade. Ao encontra um cantinho escurinho e sossegado corremos o "perigo" de vislumbrar o que há de humano e melhor em nós. 

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