sexta-feira, 10 de abril de 2020

Endêmico x Epidêmico

Tenho visto muitos comentários sobre o número de mortes anuais decorrentes de várias entidades nosológicas e da violência que são esquecidos ou não ocupam tanto a mídia como o Novo Corona. A primeira impressão que me vem é que os autores desses comentários não assistem televisão ou leem jornais. Como explicar a enormidade de programas policiais na nossa mídia e os desesperados apelos por uma vaga em UTI diariamente nos sendo apresentados nos telejornais? Todas os dados são passíveis de interpretação, e nenhum deixa de evidenciar algumas verdades e esconder outras. A diferença entre endêmico e epidêmico se impõe como fator decisivo na interpretação dos dados. O que é endêmico não pode ser minimizado e é combatido em quase silêncio no dia a dia das delegacias e dos hospitais. Mas está muito longe de ser esquecido, principalmente para quem estuda o problema e busca suas soluções. São as epidemias que naturalmente chamam a atenção, pois elas fogem à nossa já triste e cotidiana realidade. As campanhas de vacinas contra o H1N1 ficam sempre aquém dos objetivos dos governos, mas no momento estão faltando pela procura desenfreada pelo nova conjuntura sanitária. As mortes pelo H1N1 continuam acontecendo ano após ano, apesar da vacina e do Tamiflu (O Brasil teve 1109 óbitos em 2019 decorrentes de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) por influenza, segundo o último relatório do Ministério da Saúde), e esse número já foi suplantado pelo Novo Corona em menos de um mês. Espero, mas sem convicção real, que todos passemos a adotar medidas e comportamentos mais responsáveis e necessários para combater futuras ameaças a nossa sobrevivência, sejam virais ou não. E antes de me retirar peço um pouco de reflexão nas análise de todo e qualquer informação. Na dúvida, não compartilhe. 


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