quarta-feira, 1 de abril de 2020

Hábitos

Nenhum conceito e hábito tem geração espontânea, é imanente. Eles nascem de uma necessidade tanto nossa como de outros. Milhares de humanos desconhecem o chocolate, enquanto outro tanto dá a vida por uma dentada a mais no que chamam pedaço de paraíso. Somos depósitos ambulantes de vícios, de pratos e "trapos", de mantras e pompas, de conselhos e de considerações. Somos prisioneiros daquilo que "julgamos"ser bom para nós, e do próprio julgamento. Desconfio que não nascemos assim ao assistir um bebê ao seio materno e sugando com gosto algo tão sem gosto, que me ponho a arguir, não a necessidade  fisiológica do sal e do açúcar, mas o prazer que eles realmente nos proporciona. Já ouvi de alguém gabaritado que o açúcar aumenta a Serotonina e a sensação de prazer, mas não são infinitos os que o mesmo o fazem, dependendo inclusive do indivíduo que o procura? Os selvagens que fomos um dia se alimentavam do que encontravam, não faziam escolhas quando a questão era sobreviver. Não faziam cara feia e de nojo diante uma cenoura( será que já existia essa espécie no mundo vegetal) mesmo que meia murcha. A descoberta do fogo expandiu as possibilidades de escolha e aumentou a biodisponibilidade de energia a nossa disposição. Deve ter sido aí que surgiu a obesidade. Deve ter sido um pouco depois disso que passamos a ser seletivos. Hoje somos reféns dos nossos gostos, não experimentamos o que nos parece estranho ao habitual. Será que precisaremos retornar às cavernas para entender que tudo é vida, tudo nos liga, tudo deve nos confortar? 

Nenhum comentário:

Postar um comentário