sexta-feira, 27 de junho de 2025

Carinho

O carinho chega devagar. Ave que plana serena, sem pressa, sobre o ninho. Para que essa brisa se podemos simplesmente acreditar? Cheiro que insulta os mais doces sentidos. Sábios lamberes que sabem insultar. Membros que se perdem no que há de melhor do encontro. Solidão no desejo de infindo prazer. 

sorte

... Talvez seja preciso
Acreditar na sorte.
Jogar a moeda para cima 
E entender que cada cara 
Se entende bem com a coroa.
Os pares se encontram
Com os impares e as 
Equações se enquadram
No que há de melhor 
No infinito improvável.

Sorte é contar com o 
Imperfeito. 
Saber que é bom 
De qualquer jeito.
Entender o ridículo 
De se entender perfeito. 
Fugir da certeza e
procurar estar no 
Incessantemente perto. 




terça-feira, 10 de junho de 2025

Calos

... Quem falou 

que seria fácil?

Abrir portas de 

ferrolhos enferrujados.

Romper frestas

que escondem 

curiosidades. 

Bater, 

malhar em ferro frio,

criar calos,

quebrar ossos,

cegos para o longe, 

esquecidos do destino.  

Naturalmente

... Não há arco-íris

que explique as 

cores do mundo. 

Ventos e nuvens 

passeiam pelos céus, 

sem medo de tempestade. 

Há grãos suficientes para

aquiescer qualquer 

pretensão de grande rocha. 

A natureza do fogo é queimar, 

mas encanta. 

O sonho nasce na segurança

do sono, mas perturba. 

A paz não habita a

pena de uma pomba.

Da guerra é a última sombra. 


Labirinto

 Afinal

tudo é espanto, 

nenhuma dor,

algum pranto. 

Passo sem caminho,

destino inutilmente

incerto. 

Sorver tudo que

restou por perto, 

sem remorso,

se perder no 

labirinto para 

sempre aberto. 

Inocente mente

Quero viver

até quase sempre,

sentindo cada dor

do infinito presente, 

desejando o fim, 

assim como quem 

inocente mente. 

Desonestidade

 O assim

e o assado

se confundem

nas entrelinhas

da natural 

desonestidade,

tanto alheia

quanto nossa;

estupidamente 

humana. 

Prato sujo

As palavras passeiam 

por caminhos incertos

até caírem desajeitadas

num pedaço qualquer de papel.

Serão sinceras?

Sonham suas novelas?

Embalam como doces

ou insultam tal o fel?

Terminam por vezes

escondidas atrás de retratos, 

restos de comida

que sujam os pratos, 

mas jamais perdem 

a força da intenção. 

Multas

 Nunca pedi

para ser perdoado. 

Esquecido talvez,

compreendido jamais. 

Furei muito 

sinal fechado.

Pago todas as multas

com grandes doses 

de orgulho. 

Suores

 Madrugadas

nem sempre são frias.

Algumas são tão quentes

quanto a pele de uma 

mulher ardente.

Nos acorda suados

com uma língua

entre os dentes,

sem saber se é verdade

ou se vive o que sente.  

Ícaros

 Percorro o mundo dos 

sonhos e me perco

esquecido entre as 

ilusões do mérito. 

Quanto querer cabe 

na realidade do possível?

Multidões pulam 

em abismos. 

Ícaros inocentes 

acreditam em asas. 

Se é preciso tentar, 

seja cos pés no chão.

Energia

 Depois de pintar

o céu de azul, 

flertar com as nuvens,

e instigar o labor das plantas, 

o sol beija calorosamente 

a terra que o seduz. 

Veredas

Sonhando alto,

passeio com as nuvens.

De pé no chão

sou comido pelas formigas.

Se há veredas no meio,

todas são minhas inimigas.  

Seca

 Chuva no solo certo

seria um presente de Deus. 


Calor e dor rimam

aqui em baixo, na Terra. 


Não pertencem aos 

desígnios dos céus. 

Covas

 Os passos são 

curtos para 

justificar os destinos. 

Sorrisos impossíveis, 

carinhos perdidos

nas entrelinhas 

entre o querer e o poder. 

A cova que nos espera,

chora a teimosia do 

insuportável respirar.