terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Seco

 

Nasci em dia de chuva.

A água que banhou minha Mãe

Ao deixar a maternidade

Fez-se escassa no filho que acabara de ter.

 

Sou um ser desidratado,

Tenho sede insaciável.

 

Quero tanto

Que não sei o quê.

 

Minha vida é uma busca

Calma e intranquila.

Hoje estou feliz,

Amanhã implorarei a morte.

 

Não choro por nada;

Sou indiferente aos fatos.

Tudo é o que tem de ser.

 

Se não acredito em razões,

Por que tenho tanta sede?

 

A cachoeira da vida

É goteira em minha fonte.

Sou chão estéril,

Se plantando, nada dá.

 

Não foi por acaso que

Nasci no Nordeste seco

Do meu país.

Minha colheita está perdida e

Não tenho a quem recorrer.

Não creio em Deus,

Muito menos nos homens

Que ele não criou.   

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário