domingo, 4 de julho de 2021

Lágrima

Não quero mostrar o que sinto. Mais me interessa instigar o suspiro alheio. Que cada um escaneie sua alma e se descubra único e indevassável. Os desejos são iminentemente particulares e não pecados a serem confessados, nem mesmo em palcos sagrados. O que busco, de verdade, é o reconhecimento dos quereres, a harmoniosa experiência da unicidade na infinitude do todo que se confunde com o possível. Se a esfinge é aliada ou entidade avessa a qualquer boa intenção, nenhuma resposta certa levará a uma duvidosa solução. Não há caminho sem curvas, e é na  relativização das ideias que encontraremos a paz que nos persegue. Assim como não há parto sem dor, como nos entender sem um gole de surpresa, sem um suspiro de saudade, sem um sonho não realizado? Todo passo em falso é único e tão próprio quanto uma lágrima de dor.

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