domingo, 7 de novembro de 2021

Cumbuco

A angústia não nasce por saudade do que se foi, mas da ausência pelo que virá. As más memórias se escondem no inconsciente e afloram sem pedir nossa licença, mas são as boas que nos maravilham e dão o sabor que a gente quer da vida que a gente queria viver. A redundância pertence inerentemente ao desejo e deve ser perdoada, se não, como nos render a dura matemática das dívidas e dos créditos? O presente que se nos impõe como realidade se alimenta dos momentos infantis com os pais, irmãos, tios e primos, juvenis dos amigos e dos primeiros amores, das conquistas profissionais e das horas que concedemos a um mundo sem dono, do lar que sedimentamos em solidos alicerces. O incerto e nublado futuro, se longo ou tenebroso, é um detalhe a mais de cada história e o que deveria não ser só um acidente do acaso não precisa nos dominar, mas tão somente nos manter vivos.

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