terça-feira, 25 de outubro de 2022

Crepúsculo.

Com quantas lutas se preenche uma vida? Quais as garras, coragens e armas necessárias para entender a amplitude do imenso vazio que nos possui após cada vitória ou derrota? Lutar parece não ser um verbo adequado, nem justo! Vencer sempre é sempre impossível. Como perder quando há tão pouco a ganhar? A resposta pode estar no sossego da alma, no prazer silencioso de nossas vontades, no abismo sem voz que surge a cada fim de tarde. É a hora do repouso da luta, do torpor que nos prepara para a paz do sono, quando o pedido de trégua não pede nem impõe condições. As mãos se abrem e todas as armas caem sobre o solo rubro do sangue da luta injusta, e ninguém mais reclama por glória. A hora é de brindar à saúde de quem já foi inimigo, dos beijos desapaixonados, das conversas fiadas sem malícia e da mais pura ausência de anseio pelo que não nos faz falta. A luta já não nos pertence; somos todos donos do mundo e ninguém precisa ser forte, mas somente um pouco feliz.     

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