sexta-feira, 21 de junho de 2024

Opções

Morrer nunca foi opção desejada, 
No máximo outra possível. 

Dormir na intenção de renascer
Condenado a uma só eternidade.

Como se todos os sonhos 
Fossem possíveis e fossemos
Seres estranhos a realidade 
Da dor que se materializa 
No doce sorriso para sempre 
Perdido. 
 

sábado, 8 de junho de 2024

Pão Donato.

Quando a gente descobre que as coisas são tão simples quanto um pão com café. A natureza não implora, sussurra nos ouvidos. Avisa sem pressa que a hora tá bem ali, meio de lado, quase sem sentir. O divino nasce na boca do estômago. Pede vinho sem moderação. Coisa de quem gosta de vento na cara. Afinal, para que foram feitas as mesas? 

Lágrima

Onde a vontade de chorar? 

Ter pena de si mesmo
É calar a paixão. 

O amanhã quase mais não existe; 
Restou só uma sombra,
Uma frustrada lembrança do não podia ter sido. 

Os olhos duvidam das bocas que riem.
Acreditam que nasceram para beijar. 

Rumemos para Pasárgada: 
Paraíso dos bêbados inocentes 
E de todas possíveis indecências. 

A primeira lágrima brota quase que em vão. 
A última será de certo num gelado Verão. 

Moscas

Que falta faz um caderno, uma folha, um lápis, uma bicesfera que seja. Contar a dor não é bonito; consolo talvez. Chorar pelo que ninguém prometeu é uma sutil imbecilidade. É pecado ser idiota? Provável. Mas Deus é sinônimo do perdão com que todos sonham. Não podemos crer nas nossas necessidades, meras criações espúrias de nossa ilusão de existir. Escapamos incólumes ao não aceitarmos a mediocridade que se nos impõe. A média é tudo, os extremos existem para causar. A lei da conservação é universal e irrevogável. Um sorriso falso vale tanto quanto uma sincera aversão. Sonhar não passa de uma oportunidade, um alívio talvez. Não devemos levantar o pano que cobre as frutas. As moscas têm seus direitos e cobram por eles. 

domingo, 2 de junho de 2024

Janela

Deus abriu a janela
Para me ver sonhar.
As coisas são o que são 
Não o que deviam ser. 
Passos se confundem
Caminhos se cruzam
Sem esconder destinos
Tudo no seu lugar. 
A janela não escolhe
Quem a virá fechar.