terça-feira, 11 de março de 2025

Abismo

Cadê a solidão que

abandonei na esquina,

sem migalha ou gota? 

Pode ter chovido.

Do chão um pão seco nasceu. 

Criança maldita. 

Nenhuma mãe quer. 

Tua sorte é a franqueza. 

Tiro no meio da testa.

Abismo que a planta do pé anuncia. 

Vazio que o horizonte empresta.

Afago de mão fechada e vazia. 

segunda-feira, 3 de março de 2025

Carnaval

Tomara que chova.
Três dias parecem pouco
Para quem nunca
Esqueceu o que é brincar.

Chuva de alegria 
Passo dado sem galocha.
Chuva de euforia.
Para quem não se importa.

Lá vem ela.
Gabriela que sobe telhados
Odor de gente 
Sem pena dos enjeitados.

Queimar incensos
Adorar tantos deuses 
Quantos eles são.

Consumir a alegria 
Sem a parcimônia 
Nos desejos eternos.