terça-feira, 8 de abril de 2025

Vagabundo

Não ligo muito se me chamam vagabundo. Afeito à concepção primordial da palavra, até me encanta ser um ser que vaga pelo mundo desfrutando de suas delícias, sem saber bem como elas vieram até minha pessoa. Não há nada de vago no real aproveitamento do que uma vida simples e honesta tem a nos oferecer. Os andarilhos são testemunhas do que o caminhar em vão tem a inspirar o espírito e a imaginação. Trabalhar é coisa de quem não tem o que fazer, muito ao contrário dos meritocratas e produtivistas que dormem tarde e acordam cedo, ou pelo menos é o que pregam a quem procuram enganar. Não a toa a meditação está cada dia mais receitada para quem procura o aperfeiçoamento de sua plasticidade cerebral. O stress tem valor contra os perigos das florestas e das esquinas, mas experimentado a exaustão, promove um irremediável encurtamento do calendário da vida vivida. O jeito certo seria vagar? Não sei de mais ninguém além de mim, mas procuro aproveitar ao máximo os momentos de puro ócio, quando a vida parece parada o suficiente para me perder dentro dela e me sentir eterno, mesmo que não passe de um sincero vagabundo. 

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