domingo, 10 de maio de 2020

Mãe e Filho

Não preciso estar perto de minha mãe para sentir o cheiro de seu cabelo recém lavado, ouvir sua voz me abençoando ou perguntando como vai tudo, sentir o calor de sua mão me pedindo um carinho ou que lhe meça a pressão. Minha mãe não está longe. Se fosse medir com a fria métrica da razão, estaria a pouco mais de um quilômetro de distância de onde estou agora. Mas porque será que a sinto tão perto? Certamente é algo que não pode ser explicado pelo sangue vermelho da genética que nos une. A resposta poderia estar na memoria, essa tirana que me domina e me "condena" ao eterno retorno a todos os momentos que nos uniu, principalmente aqueles que forjaram minha personalidade e todo meu ser. De verdade, é impossível explicar essa união fisicamente impossível sem a presença do inexplicável amor. Mãe não se tem, se ama. E se eu posso estar agora fisicamente longe dela é porque idealmente eu nunca saí de dentro dela. Não há espaço entre nós. Mãe e filho formam a união mais que perfeita, pois toca o que há de divino em nós; é o símbolo maior de nossa imortalidade, da sequência infinita que dá sentido a vida. 

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