sábado, 14 de maio de 2022

Eternidade

No melhor e mais sincero reconhecimento do egoísmo que me habita e contra quem luto com as mais débeis armas que possuo, declaro minha admiração pela independência. O sete de setembro nunca me encantou pela escancarada desverdade que o quadro de dimensões monumentais não consegue mascarar, mesmo sem perder a potência artística que faço questão de ver ao vivo após a reinauguração do Museu do Ipiranga. Se foi "Independência ou Morte" ou "Essa Intendência é de Morte" pouco já não importa duzentos anos depois do fato consumado. Nada mais constrangedor e inconsistente que a certeza do domínio da própria vontade e da materialidade do livre arbítrio. No dilema entre a liberdade e a igualdade ninguém se entende entre o querer e o doar. Se há muito perdi a fé no conceito de humanidade, cada dia me convenço da inconsistência de uma espécie que "se acha filha de Deus". Não há dúvidas de que os melhores momentos são os em que nos descobrimos únicos e suficientes. Enquanto o vento espantar meu suor para longe de minha pele e o horizonte conseguir me instigar o desejo do pleno infinito, vou de gole em gole resistindo ao impulso de me lançar ao vão da eternidade. 

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