domingo, 11 de maio de 2025

Matriarcado

A música nasce longe e me atrai até a Praça do Pueblo de Machu Picho. Olhando o céu escuro que chora uma fina garoa percebo luzes de holofotes que dançam de um lado para outro. O barulho na praça chega a ser ensurdecedor, mas a alegria é contagiante. Garrafas se esvaziam enquanto corpos se movem alegres, bocas se beijam, mãos se enlaçam e braços levantam os que sucumbiram ao torpor do álcool. Os balões acima do palco anunciam que toda a festa é direcionada a elas: às mães. Os povos andinos preservam o culto à Mãe Terra. A Deusa que lhes acolhe e dá o sustento: o alimento e o ninho. E o que mais simboliza o acolhimento do que os braços de uma mãe? Nascemos seres perdidos no tempo e no espaço, e certamente não estaríamos ocupando e perambulando pela vida se não contassemos com o calor e alimento do seio materno. Mas hoje sou eu que quero ampará-la, levanta-la do chão onde dorme tão quieta, e acolhendo-a bem colada a minha alma, dizer que a amo e que nunca será esquecida enquanto existir a vida que ela me deu.

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