quinta-feira, 12 de abril de 2012

Crime Passional



O crime

João estranhou o carro parado em frete a sua casa. Franziu a testa, achou que conhecia aquele carro. O vidro fumê não deixava ver o motorista. Quando abriu o portão baixo de ferro, ouviu a buzina e se virou. O vidro do Monza azul escuro foi descendo devagar e ele reconheceu o homem que lhe apontava um 38.

Na noite antes do crime

- Alô.
- Oi, sou eu de novo!
- ....
- Num desliga não. Eu sei que você não está sozinho, mas escuta...
- Olha, eu não quero te magoar mais do que magoei, mas bota na tua cabeça que acabou, eu tô em outra, me esquece, bota tua vida pra frente, arranja outro, me esquece.
- Eu te amo, não quero saber de mais ninguém.
- Levanta a cabeça, bota um daqueles teus vestidos justos e sai à caça criatura. Você ainda tem muito que dar.
- Você pensa que é fácil para uma mulher na minha idade.
- Mas você ainda tá bonita, bem conservada e ainda por cima experiente. Tá assim de homem solto nesse mundo.
- Mas tu sabes o que eles querem né?
- O que é que tem? Solta a franga criatura. Libera tua cabeça. Foi justamente esse teu grilo com o sexo que atrapalhou nossa relação. Abre tua cabeça. Experimenta, te solta, cai na vida.
- Você deve estar bem satisfeito com a puta que arranjou né, cachorro?
- Olha lá, deixa de ofender a Cidinha que eu desligo essa porra na tua cara.
- Pois então me aguarde....pu pu pu pu pu pu pu pu .

Na manhã antes do crime.

- Bom dia Dona Glória.
- Oi João. Na hora do almoço sobe lá no apartamento, que eu tenho um serviço extra pra ti.
- Certo Dona Glória.
- Até mais tarde.
  
Na tarde antes do crime:

- Alô.
- Pronto, fiz o que você mandou.
- O que mulher?
- Dei pro João da portaria, aquele moreno bonito, alto e forte.
- Que diacho tu tá falando?
- Gozei que nem uma cachorra.
- Filha da puta. Tu quer é desgraçar minha vida?
- Só segui teu conselho, me liberei.
- Mas logo com o porteiro, sua vagabunda.
- E o que é que tem. O troço dele é enorme, dá de chinelo no teu!
- Safada, isso é coisa que se faça com um homem direito como eu.
- Tu num me trocou pela tal de Cidinha.
- Mas é diferente, ela nem mora no bairro.
- O João mora longe também.
- Aposto que ele vai contar para todo mundo no condomínio.
- E eu com isso. Eu quero é ser feliz e sem homem eu num fico.
- Quando vivia comigo era cheia de não me toques. Vivia de bode, com enxaqueca...
- Mudei, agora sou uma mulher largada, e mulher largada tem de aproveitar tudo que a vida pode dar, meu bem.
- Como é que eu vou ter cara de ir pegar os meninos? Todo mundo vai me chamar de corno do porteiro.
- Liga não. Você mesmo num vive exibindo a talzinha pela vizinhança.
- Mas com o porteiro, é sacanagem da grossa. E a minha moral, como fica?  
- É sacanagem grande mesmo, o bicho é brabo na cama. E o sacana me disse que tinha ficado tão animado que ainda ia dar uma com a mulher quando chegasse em casa. 
- Filho da puta. Ele me paga.

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