segunda-feira, 23 de abril de 2012

Impostos

Existe certa dose de hipocrisia na crítica ao excesso de impostos. As vozes que alardeiam contra a pesada carga imposta pelo governo são as mesmas que sussurrando, confessam a façanha da sonegação e das propinas pagas a fiscais. Desconfio que a tríade altos impostos+alta sonegação+corrupção satisfaça muita gente que grita alto para abafar o zumbido intermitente da tão mal afamada quanto indispensável caixa dois. Baixar impostos e esperar menos sonegação me parece utópico; o lucro é o motor da economia capitalista e quanto maior melhor. Baixar impostos significa menos dinheiro para cumprir com as obrigações que todos esperamos do governo: educação, saúde, segurança, limpeza urbana, lazer. Todo governo é criticável, pois reflete a sociedade que representa. Nossa sociedade esta longe de atingir a consciência de cidadania, embora tenha havido avanços nos últimos anos. Lembro que há um par de décadas era inadmissível se vaiar abertamente um presidente, ver um juiz de algemas, assistir um senador responder por atos supostamente ilegítimos. Embora saibamos que muitas acusações não passarão disto, fica a mensagem que todos estão bem vigiados, que não podem fazer abertamente o que praticavam num passado recente, que a arrogância e a prepotência são incompatíveis com o cargo público. A mais coerente reclamação de quem paga impostos é de que não ver o resultado, o destino de seu dinheiro, ou seja, aceita pagar impostos desde que tenha certeza que ele irá para destino certo e não para os bolsos da corrupção. Uma solução para isto me parece a isenção de impostos por trabalho realizado na comunidade pelos cidadãos e empresas. Isto já vem sendo realizado no Rio Grande do Sul com descontos no IPTU para quem planta árvores em sua propriedade, e pode ser expandido para todo país e para outros serviços. A Coelce tem programa que dá descontos na luz em troca de produtos recicláveis. O governo poderia dividir suas obrigações com o cidadão e pagar este serviço sob a forma de descontos no imposto. Pague a escola de crianças carentes e debite o valor do seu imposto de renda. Atenda paciente do SUS em seu consultório e receba isenção do ISS. Faça a manutenção da praça em frente a sua casa e desconte do IPTU. As possibilidades são inúmeras. Cada cidadão pode dar sua contribuição e o estado perderá receita, mas terá menos encargos. Fica aqui a sugestão. Não adianta criticar o governo se a sociedade não está preparada para exercer a cidadania de exigir direitos e cumprir deveres.   

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