sábado, 4 de outubro de 2014

Psicografia

Foi mui simples começar. Diante da janela, ouvindo o ruído perene do mundo, botei a mão sobre o rosto e comecei a preencher o papel sobre a mesa com todos os sinais que passei a receber, um pouco de cada dor e de cada alegria emanando de todos que não eu próprio, para evitar interferir no processo. A mão estava inquieta - a direita é claro, a esquerda continuava tapando-me os olhos e massageando a testa, os dedos com a função de antenas receptadoras. Passei horas e nada de parar. Não vi a água nem o pão que me serviram – não tinha sede e minha fome era outra. As vozes não queriam calar e minha força foi minguando até desmaiar. Acordei no inferno: tinha ouvido as mensagens erradas. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário