Foi mui simples começar. Diante da janela, ouvindo o ruído
perene do mundo, botei a mão sobre o rosto e comecei a preencher o papel sobre
a mesa com todos os sinais que passei a receber, um pouco de cada dor e de cada
alegria emanando de todos que não eu próprio, para evitar interferir no
processo. A mão estava inquieta - a direita é claro, a esquerda continuava
tapando-me os olhos e massageando a testa, os dedos com a função de antenas receptadoras.
Passei horas e nada de parar. Não vi a água nem o pão que me serviram – não
tinha sede e minha fome era outra. As vozes não queriam calar e minha força foi
minguando até desmaiar. Acordei no inferno: tinha ouvido as mensagens erradas.
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