terça-feira, 8 de setembro de 2020

Noventa

Há coisas, 

bem poucas

de verdade, 

que não cabem

na ilusão do tempo, 

nem no cárcere do espaço. 


Não se medem,

nem se explicam,

bailam pouco 

pelo palco da razão. 


Se peneiram no ar

e se espalham 

livres, aleatórias,

alheias às vontades,

imunes às obrigações. 


Podemos dizer 

que pulsam? 

Pode ser que sim.

Por que não?



O tempo é pouco

para se contar. 


O caminho, 

por mais longo

que seja, não 

se deixa cansar. 


Um misto de magia

sob a mais pura

e legítima 

ditadura do gene. 


Coisas que se

impõe pela ternura, 

pelos olhares que 

nunca pedem, 

e não por carência

buscam um momento

jamais perdido. 


Memórias construídas

bem anteriores ao

instante milagroso

de cada parto. 


Simbiose mais que perfeita

conjugada no verbo da vida, 

unindo seres tão improváveis

quanto idênticos. 


Aprendemos a contar, 

dividir tudo em dias,

semanas, meses, 

anos e séculos.


Só não conseguimos ainda

transformar em 

números e fatos 

a justeza serena 

que nos une e nos acolhe. 


O certo é que 

o eterno não nos é 

suficiente. 


Queremos mais,

muito mais. 

 

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