quarta-feira, 13 de agosto de 2025

A Cabeça do Santo

O sertão com seus milagres e romarias faz um par ideal e um cenário mais que perfeito para a literatura fantástica latino americana. Gabo não é personagem do enredo, mas se faz presente, juntamente com Rulfo, na perceptível inspiração sobre a autora. O encanto só aumenta quando uma voz da música popular, por sinal nordestina, dá o arremate final neste misterioso mundo de destinos que se cruzam movidos por uma "força estranha", produto final de três vetores que sabem se complementar: coragem, perdão e amor. Numa escrita rápida, quase direta, se não fosse os necessários flash back, a autora consegue prender a nossa atenção e instalar aquele pingo de mistério suficiente para não se querer parar antes de desvendar o mistério. Para tal ela se utiliza de capítulos relativamente curtos, poucos relevantes personagens e uma inusitada e mística verdade. As vozes que brotam da cabeça não são menos importantes que as que nascem dos pés. Como se cada parte do corpo fosse importante e única em sua necessidade. A riqueza da literatura fantástica não está no que tem de fuga da realidade, mas do que tem a propor sobre nossa cruel verdade. 

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