segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O Mundo é dos Fortes ou dos Jakobs?


A teoria da evolução de Darwin deu argumento biológico e filosófico para a desigualdade entre os indivíduos e as espécies: vence o mais forte. Mesmo assim o capitalismo continua afirmando que todos têm as mesmas oportunidades e podem chegar ao topo; só não ensina como, e faz mesmo questão de manter o segredo patrimônio de poucos. Se fosse possível fazer a divisão da riqueza do mundo certamente todos seriam pobres, mas nem notariam pela simples ausência da comparação. Alguém vai certamente argumentar que desta forma a humanidade não se desenvolveria, não correria atrás de novas conquistas. O desaparecimento da ambição nos transformaria em seres parasitas, pois a maioria fraca viveria à custa dos fortes. Embora não seja louco em discordar de tais argumentos, confesso minha sincera simpatia por um mundo menos competitivo. Não defendo com fervor a necessidade de ter de ser bom em tudo, aprender muitas línguas, ser pau para toda obra, estar disponível a qualquer momento, dançar conforme a música e tantas qualidades indispensáveis para o tão sonhado “vencer na vida”.  Mas o que fazer com os Jakobs Von Gunten do nosso mundo? O personagem do livro lançado em 1909 pelo Suíço Robert Walser entra no Instituto Benjamenta com a simplória pretensão de não ser grande. Não possui o sonho do sucesso e rema contra a maré da busca pelo lugar no topo da sociedade, e se resigna a simplesmente viver para servir. O fato inexplicável do porque da existência de uma escola que não possui currículo nem professores, onde todos os alunos são estranhos e possivelmente doentes, provavelmente a escória de uma sociedade competitiva do início do século 20, e do após guerra, nos remete imediatamente ao universo kafkaniano e não a toa muito se fala que Walser influenciou o escritor tcheco. Seja fato ou mera especulação, a esquisita escola me lembrou o Castelo de Kafka. Um lugar tão improvável de ter sido construído só poderia acabar sem explicação alguma. Os Jakobs, porém, continuam a existir, não por menosprezarem o propagado sucesso (será que conseguiremos algum dia nos livrar da indução ao consumo), mas pela impossibilidade de alcança-lo. 

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