quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Faminto

Quando nasci, o carneiro reinava nos céus do sul que encobria a casa de meus pais. Os cincos longos anos, sem o choro inquieto de menino novo, se encheram de luz com a chegada do mim que sou eu. Já nasci faminto. Um chá doce de erva doce me arrefeceu a fome de peito, e de amor, e de afeto, e de constante atenção que alimento até hoje. Sou um faminto!!! 
Vieram depois anos de parcimonioso fartura, quando o necessário bastava e ninguém sentia falta do que não tinha. O quintal repleto de frutas, a feira na sexta do bairro, o homem do fígado, o frango assado de todo sagrado domingo, os amigos da rua, os primos, as aventuras imaginárias de toda e qualquer meninice. Com a adolescência vieram os amores. Ah os amores!!!! Impossível enumera-los. De concreto quase nenhuma. Coisas de menino que nunca quis crescer. 

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