sábado, 19 de novembro de 2011

Morrer ou não morrer, não existe esta questão.

A morte é tão lógica quanto inevitável. Ao lembrarmo-nos dela automaticamente aflora a pergunta: vale a pena viver? A resposta é tão inútil e irracional quanto a própria vida. Sendo assim, pra que viver? Melhor não pensar pra responder. Somos todos suicidas em potencial. Sublimamos e fugimos deste dilema nos consolando com os bons momentos, menos numerosos do que gostaríamos, mas afinal prazerosos. A morte paira entre o tudo e o nada, algo incompreensível para nossa pobre e mesquinha razão. A morte, nosso maior dilema, é a solução para tudo, especialmente para o medo que temos dela. Ela é a própria verdade, a razão na sua mais pura essência, o que existe de mais concreto. Por que então a tememos? Porque somos irracionais a ponto de amarmos a vida, o que temos de mais fugaz. Aprendemos que a vida é um dom divino. Consideramo-nos criaturas divinas, sem atinarmos como isso nos rebaixa e humilha, nos transforma em mero produto de uma fonte criadora. A vida não é um dom, é uma situação, um acaso. Ela não nos foi dada, ela é um produto da evolução. Provavelmente desaparecerá em bilhões de anos com a desintegração do universo, o outro Big-Bang. De nada vale teorizarmos sobre a origem da vida. Na prática vivemos a espera da morte. São insignificantes nossos atos. A ética não influi sobre a morte. Já que estamos aqui e agora, devemos aproveitar o momento, cada um da melhor maneira. Vivendo em sociedade, temos que exercer nosso direito a vida, com a obrigação de não prejudicarmos os outros. Não falo aqui da obrigação de amar ao próximo. Falo de tolerância com a vida dos seres humanos. Tolerar a vida é essencial para entendermos e aceitaremos a morte.
No fundo, tudo que foi pensado, escrito e debatido foi inspirado na morte. Todas as religiões buscam o sentido da vida e tolerância para com a morte. A Razão humana, através da ciência, busca dar solução e entendimento ao incompreensível. O que esperar de seres tão imperfeitos? Se o egoísmo, inerente a todo homem, foi vital para a sobrevivência da espécie no planeta Terra, o orgulho vivificado na pretensão de sermos imortais é a fonte de nossas frustrações, desamor e medo.   

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