segunda-feira, 26 de março de 2012

Juventude


Após ler Juventude fico com a impressão que Coetzee sofreu da mesma crise de genialidade do seu personagem, mas ao invés de sofrer por isso, assumiu publicamente e escancarou aos quatro cantos do mundo, com todo o direito e possibilidade de fazê-lo de um nobelizado, que é um mero mortal, embora a academia sueca não pense assim. Quem consegue ou conseguiu ser notável em tudo que faz? Uma ponta de dúvida quer salvar em mim a ótima impressão que tenho de Coetzee. Ou ele escreveu o livro ainda quando jovem e tendo-o engavetado, só agora o publicou, ou o escreveu agora exatamente como se fosse um jovem e iniciante escritor, demonstrando sua genialidade. A verdade é que faltam ao livro o peso das ideias e as discussões filosóficas de livros anteriores. Quem sabe este relaxamento não seja um desabafo, um descarregamento do peso acumulado em viagens anteriores. Enquanto espero dias melhores para o por vir do nosso imortal, resolvi vasculhar seu passado para me convencer que se nem tudo são flores, os espinhos certamente são percalços na trajetória de um artista. 

Um comentário:

  1. Não conheco o autor, mas adorei seu comentário! Principalmente, o final.

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