quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Bolsa Família - Um Mal Necessário?

O mundo político mudou depois da queda do muro de Berlin. O fim do império socialista trouxe a impressão que só há um modelo, o do capitalismo, para a economia mundial, entretanto a crise que se abateu sobre o mundo financeiro em 2008 e que ainda se mantêm até hoje, como mostra a mais recente queda da bolsa, deixa dúvidas quanto a veracidade da morte definitiva do socialismo. Ao tomarmos a teoria evolutiva como aquela que mais de perto explica a origem das espécies e do homem, fica evidente que na luta pela vida são os mais fortes os grandes vencedores. Ao olharmos a natureza e os seres vivos que a congregam percebemos este fato de forma indubitável, porém jamais veremos o que diferencia a espécie humana de todas as outras, o acúmulo de riqueza. Os mais fortes detêm o poder e têm mais facilidade na perpetuação de sua prole, mas deixam aos mais fracos o que lhe é supérfluo, as sobras de suas conquistas. O excedente faz toda diferença. Não à toa as economias do mundo desenvolvido possuem uma divisão de renda bem mais justa entre seus cidadãos. O que torna os países subdesenvolvidos como o Brasil não é seu PIB, temos o sétimo(?) maior do mundo, mas a grande proporção de pobreza e até de miséria de seu povo. Por isso é tão fácil defender os programas sociais do atual governo. Lula nasceu politicamente com a idéia de que o socialismo era o único sistema capaz de gerar justiça social. E em suas várias tentativas de chegar ao poder descobriu que a sociedade simplesmente não aceitava esta proposta. Ao amenizar o discurso e se engajar no mundo da globalização da economia finalmente chegou ao comando do país e continua prestigiado pela população de baixa renda e pela comunidade mundial preocupada com o futuro da economia global. É fácil acusá-lo de ter mudado o discurso, difícil é entender que foi o melhor ou mais fácil caminho. Alguém vai argumentar que ele se vendeu pelo poder, crítica que partindo dos socialistas históricos como o PSOL é perfeitamente justa, mas vinda dos capitalistas de carteirinha cheira a despeito. Não são eles os advogados da lei dos mais fortes e espertos? Por isso defendo e aprovo o Bolsa Família(BF). Não o encaro como  estímulo à preguiça, mas como uma  forma imediatista de promover uma melhor divisão de renda e debelar a fome e a miséria dos mais necessitados. Não creio que existam muitos que trocassem um bom emprego por uma dita “esmola”. Entretanto os mesmo que criticam o BF são incapazes de dividir lucros, pagar horas extras, estimular a formação profissional e cultural de seus empregados. E quando se fala em redução de jornada de trabalho é um deus nos acuda; esbravejam como se a redução em 5% de seus lucros os levassem a falência. É certo que a carga tributária é alta, mas é a que a sociedade exige. É verdade que o governo gasta mal os recursos do estado, mas quem usufrui das supervalorizações são os grandes empresários. É difícil. Num mundo tão tecnológico como o atual, onde o humano é cada vez mais dispensável, o trabalho tende a ficar cada vez mais escasso. Estamos deixando a Era das necessidades e imergindo na Era do Supérfluo. O mundo gira em torno da moda, do bonito, do gostoso. O futebol e o esporte em geral vivem exclusivamente do comércio. A própria medicina há muito se rendeu ao universo do lucro com a indústria dos medicamentos milagrosos, dos cosméticos de efeitos duvidosos, das cirurgias de alto risco com finalidades estéticas, dos exames laboratoriais substituindo a clínica, da indústria dos internamentos. A economia não pode parar. O dinheiro tem de circular e as necessidades estão sempre se multiplicando. O mundo capitalista vai se mantendo propagando a idéia que só a alta produtividade pode proporcionar uma vida digna. É verdade, o trabalho é a função básica de todo ser vivo. As plantas e os animais não ganham sem algum esforço sua subsistência. Ninguém deveria pedir esmolas, mas infelizmente muita gente precisa de uma mão que a socorra e ninguém perde a dignidade por receber uma ajuda. 

Um comentário:

  1. Este texto foi escrito em 2010, antes da posse da Presidenta Dilma, portanto não estranhem minha alusão ao Lula. Entendi que a ideia principal continua inalterada, por isso resolvi não mexer no texto. Aguardo e agradeço suas críticas.

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