domingo, 18 de dezembro de 2011

Homem Invisível

O elevador se abriu vazio. Entrei. Só quando a porta se fechou foi que percebi a ausência de minha imagem no espelho. Flexionei a cabeça procurando minha imagem real, o espelho podia estar com defeito, pensei sem fé alguma.   Nada, apenas o granito cheio de manchas e areia. Eu estava realmente invisível. O elevador parou e a chata do quinto andar entrou sem dizer nada. Será que não me via também? Só para confirmar dei-lhe um retumbante bom-dia que saiu mais sincero do que queria. Seu resmungo, apesar de irreconhecível, me deixou feliz: ela não estava só. Entre curioso e perplexo estendi e girei minhas mãos invisíveis diante de meu rosto. A mulher  ficou me olhando, um tanto espantada, e muito pouco por pena de minha loucura.
A porta se abriu no térreo e ela saiu ligeira, se benzendo.
Trabalhei muito o dia inteiro. Nada mudara, eu não mudara, continuava o mesmo, continuava existindo, pelo menos para os outros.

14/04/03. 

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