domingo, 4 de dezembro de 2011

Pai é Quem Cria

Chifre é coisa que botam na cabeça da gente! Todo mundo já ouviu isso, principalmente depois que Falcão se tornou astro do besteirol nacional, e o culto ao corno fez do par de chifres um espécie de patrimônio nacional. Segundo um amigo meu, escondo o seu nome para protegê-lo das amigas leitoras, “toda mulher tem alma de puta”. É claro que não concordo com ele, mas a verdade é que todo homem tem medo de chifre. E tem aqueles que não podem nem ouvir outro homem falar das qualidades de sua companheira. E o pior é que ela nem precisa ter tantas assim. Como diz um outro amigo: “Tem cara que tem coragem de mamar em onça”. Enfim, só escapam das cantada as surdas e as mortas. Noutro dia vi uma conhecida um tanto desabonitada com aquele barrigão e me convenci que afinal todos têm seu lugar ao sol e acabam encontrando sua cara-metade. Voltando a cornagem. O consolo de ouvir elogios à sua atraente mulher é saber que enquanto eles babam você usufrui do apetitoso material. Mesmo porque a angústia do medo de ser corno é inútil. Apenas Adão não teve este problema. Mas será que não foram impulsos edipianos as causas das desavenças entre o sacana do Caim e seu bobo irmão Abel? Deixando as especulações de lado, Adão foi um homem verdadeiramente feliz, pois além de comer a fruta proibida, no caso Eva, e não ter tido sogra para aturar, ainda viveu despreocupado em assuntos corníferos.
Preocupado mesmo é meu amigo Ricardo. Seu trauma é tal que já virou motivo de chacotas de todo mundo, afinal quem não gosta de pisar nos calo alheio. E não é que ele tem seus motivos! Sua esposa é um mulherão. Tanto que por onde ele passa os conhecidos põe-se logo a gritar: “Vai pra casa Padilha”. O cara vira uma fera e responde:
-         Ali só quem mete a mão sou eu!
Quando ela ficou prenhe (adoro esta palavra), tive pena do coitado. Sua alegria foi abafada pelo desespero de tanto ouvir perguntarem pelo pai da criança. O coitado quase perde a cabeça. A mulher cada dia mais rotunda e tranquila tentava acalmá-lo.
-         Oh Bem, quanto mais tu te irritas, mais eles curtem com a tua cara!
Tentava tomar consciência disso, mas não adiantava. Uma vez quase sai às tapas com um gaiato que se prontificara a comparecer com as fraldas e o leite do primeiro ano do bebê.
-         Pai que é pai tem que participar, né?
Coitado do Ricardo. Viu que o único jeito era se afastar da turma e deixar de freqüentar o barzinho. A gravidez foi se adiantando até chegar o grande dia. Fez questão de entrar na sala e assistir ao parto.
-         Quero ser o primeiro a ver o meu filho nascer, disse todo orgulhoso.
A emoção e o choque de presenciar pela primeira vez a um parto normal foram demais e ele quase desmaia na sala.
O Obstetra sugeriu que esperasse a mãe e o bebê no quarto. Chegando lá foi só alegria. Todos, inclusive alguns dos gozadores de outrora, deram os parabéns ao mais novo pai do pedaço. Abriram uma garrafa de espumante e brindaram a nova família. Logo chegou a mulher na maca com a pequena criatura ao seio. O Obstetra veio depois. Ninguém, a não ser Ricardo, notou os olhos vermelhos do médico. Respirou fundo, pegou o nenê e pensou:
“Pai é mesmo quem cria”.

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